Todos os dias, João Estevão, 80, pega dois ônibus até um cemitério na Vila Carmosina, na zona leste.
Ele passa de 30 minutos a três horas no local para lembrar de um amigo que morreu no dia 6 de maio, o hamster Neymar. O bicho está enterrado no cemitério Reino Animal, ao lado de cães, gatos e pássaros.
"Era a minha maior alegria. O enterro tinha que ser lá. Não podia jogá-lo na lixeira", conta João, sem lamentar os R$ 700 gastos no procedimento.
Após o velório, os donos podem escolher entre cremar ou sepultar seus bichos em túmulos com uma placa discreta de mármore, apenas com o nome do animal.
Os que preferirem, podem levar as cinzas para a casa em uma urna de madeira com uma imagem à semelhança de seu pet.
"Quem procura esse serviço quer ter uma despedida de verdade", conta Débora Duran, sócia do Reino Animal. O espaço recebe cerca de 70 animais por mês, para cremações ou sepultamentos.
Segundo o Sincep (Sindicato dos Cemitérios Particulares do Brasil), não há dados sobre o setor voltado para os bichos. Mas, além do Reino Animal, na zona leste paulistana, há ao menos outros três estabelecimentos na região metropolitana.
O Pet Memorial iniciou suas atividades em São Bernardo do Campo em 2000. Começou com 30 serviços mensais e hoje faz cerca de 500 por mês.
Ali foi cremado o leão Ariel, morto em 2011 em decorrência de uma doença degenerativa e que ficou conhecido pela luta de seus criadores por sua recuperação.
Muitos desses estabelecimentos contam também com planos preventivos, nos quais o contratante paga pelo serviço com antecedência em troca de descontos.
O educador Marcos Apostólico, 47, já enterrou sete bichos no Reino Animal desde 2011.
Dono ainda de outros sete pets, entre cães e gatos, ele estuda a possibilidade de contratar o serviço de prevenção. "Ainda não achei um pacote que valha a pena", diz.
Em Embu das Artes, o cemitério Paraíso dos Bichos oferece ainda apoio psicológicos aos donos.
"Não são todas as pessoas que aceitam essa situação [de sofrimento pela perda de um animal]. Muitos mentem no trabalho para vir no dia do sepultamento. Esse tipo de situação ainda é um tabu", diz a gerente do local, Rosângela Maria Fernandes.
"Mesmo assim, muitos clientes relutam em utilizar a terapia em grupo."
Para quem deseja dar um destino para o animalzinho de estimação sem gastar dinheiro, a Prefeitura de São Paulo oferece o serviço de cremação gratuitamente.
SERVIÇOS
Jardim do Amigo
Como: Cremação individual ou coletiva e sepultamento. Tem sala de velório e terapia em grupo para famílias
Quanto: Sepultamento a partir de R$ 390 e cremação, de R$ 400 (valores mudam de acordo com porte do bicho e serviço)
Onde: R. José Aguila Sanches, 64, Itapevi. Tel. (11) 4144-2512. www.cemiteriojardimdoamigo.com.br
Paraíso dos Bichos
Como: Faz cremação individual ou coletiva. Retira o pet em casa ou no veterinário
Quanto: Sepultamento a partir de R$ 1.140. A cremação individual sai por R$ 1.380; a coletiva, a partir de R$ 450
Onde: Estrada Babilônia, 1.596, Embu das Artes. Tel. (11) 99925-2211. www.cemiterioparaisodosbichos.com.br
Pet Memorial
Como: Crematório com capela e sala de velórios. Tem serviço de retirada do animal na residência
Quanto: A cremação coletiva custa R$ 700 (sem devolução das cinzas) e a individual, de R$ 1.000 a R$ 3.000
Onde: Av. Sadae Takagi, 860, Jd. Cooperativa, São Bernardo do Campo. Tel. (11) 4343-0000. www.petmemorial.com.br
Reino Animal
Como: Oferece cemitério e crematório, com serviços individual ou coletivos. Tem sala de velório
Quanto: Sepultamento a partir de R$ 720. A cremação individual custa R$ 1.000, com urna básica
Onde: R. Profº Hasegawa, 719, Vila Carmosina, zona leste, São Paulo. Tel. (11) 2522-7000. www.reinoanimalsp.com.br
Prefeitura
Como: Tem estações para receber animais mortos, que são encaminhados para cremação coletiva. Não devolve as cinzas
Quanto: Grátis
Onde: Santo Amaro: Av. Miguel Yunes, 343, zona sul, São Paulo. Tel. 0800-772-7979. Ponte Pequena: Av. do Estado, 300, Centro, São Paulo. Tel. 0800-770-1111