Jogadores de videogames de futebol 'vingam' o Brasil contra a Alemanha

O relógio marca cinco minutos quando Neymar anota o primeiro gol, uma pintura. Astuto, Hulk lança Fred, que, decisivo, amplia. O assalto desmonta os germânicos, que sofrem mais dois e só anotam o tento de honra no fim do jogo: Brasil quatro, Alemanha um. A amarelinha está finalmente vingada!

Ao menos no videogame. Enquanto a maioria dos brasileiros passou os últimos dias atônita buscando razões para o vexame, alguns –mais jovens, menos sujeitos às vicissitudes do destino– correram para o joystick.

O desfecho das semifinais da Copa do Mundo, na terça (8/7), fez do clássico entre Brasil e Alemanha o tema mais quente dos jogos virtuais. Como na arena montada no Internacional Shopping Guarulhos até domingo (13), onde se joga de graça partidas de meia hora.

O local abrigou a última edição da Superliga promovida pela Federação Paulista de Futebol Digital e Virtual (FPFDV). Naquele ambiente feliz, onde Neymar jamais teve a vértebra ferida e Thiago Silva, o capitão, não tomou um cartão amarelo bobo, impera a sede de vingança.

Thiago Silva, o xará, diz que "a galera agora só pensa em devolver a goleada". Ele preside a FPFDV, por sua vez vinculada à Confederação nacional homônima.

Não há dados precisos sobre o total de usuários de "Fifa" e "Pro Evolution Soccer" (conhecido como "Winning Eleven"), os jogos mais populares e que rodam em plataformas como Playstation e Xbox. Mais de cem mil pessoas já disputaram torneios e, diz Silva, ao menos 5.000 são regulares.

Como Leandro Dias, 24, o "Snake". Organizador de eventos, o paulistano foi campeão brasileiro de "PES" em 2006 e desde então enfrenta entre quatro e seis horas por dia de treinamentos em busca da glória. E dos prêmios: torneios nacionais costumam valer um carro e estaduais, cerca de R$ 10 mil.

Existem réplicas de vários campeonatos promovidos pela CBF, como os campeonatos Paulista, Carioca, Mineiro e Gaúcho, e está nos planos a primeira Taça Libertadores da América virtual. O calendário profuso permite que os competidores de ponta ganhem até R$ 20 mil por ano.

Embora não sejam necessariamente chegados em peladas reais, todos ali têm um porquê para o fracasso do time de Luiz Felipe Scolari. "Fiquei triste, mas já esperava. Ele estava sem os craques e abriu o time. Quem joga 'Fifa' sabe que ia dar merda", diz Henrique Moreno, 18.

O fator emocional também é um ponto em comum. "Se assustar porque tomou gol, já toma logo dois, três, quatro", diz Snake.

Entre campeões mundiais, porém, isso é raro até dentro das quatro linhas digitais, pondera Gustavo Belin, 14: "Perder assim é complicado, né? Nem a minha avó toma de sete".

Publicidade
Publicidade