Em meados de agosto, o primeiro semestre ainda não chegou ao fim. Pelo menos na USP, que tem faculdades com greve de funcionários há 80 dias.
É o caso da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas), em que as aulas para a graduação "podem ser contadas nos dedos", segundo o aluno de ciências sociais Ricardo Silva.
Um professor da faculdade mandou e-mail para os alunos que se inscreveram na sua matéria dizendo que não poderá começar as aulas de sua matéria, morfologia do português, por não querer "expor ninguém à violência".
O professor Gabriel Antunes de Araujo conversou com a sãopaulo e explicou a que violência se referia na mensagem.
"A violência está para acontecer, seja cadeirada, empurra-empurra... Existe uma violência institucional também. Nunca houve esse tipo de comportamento da reitoria, que escreve no jornal mas não se comunica com professores e funcionários."
Araujo diz que não é só o risco de violência que impede o semestre letivo de começar. "No momento, não existem condições para dar aula. As salas estão fechadas e não há manutenção de itens básicos. Os banheiros estão sem limpeza ou papel higiênico", diz o professor. "Eu adoraria dar aulas, que é parte do meu trabalho. Infelizmente, não dá."
LEIA A ÍNTEGRA DO E-MAIL
"Caro aluno,
você se inscreveu na disciplina de Morfologia do Português comigo e, por isso, passará a receber algumas mensagens no seu e-mail USP. Fique atento também à página pois é lá que você encontrará muitas das informações cruciais sobre o curso.
No momento, vários setores continuam em greve e a FFLCH tem sido palco de eventos perturbadores, como os da segunda-feira (11 de agosto) passada. Como não quero expor ninguém à violência, esperaremos que direção da Faculdade publique o calendário de reposição do primeiro semestre e estabeleça a data de início do segundo semestre. Assim, fique atento, pois tão logo isso aconteça, o calendário da nossa disciplina estará online.
Atenciosamente,
Gabriel. "