Caco Ciocler comenta sua participação no Festival do Rio e em 'De Menor'

Depois de passar pelo Festival de Gramado, o documentário "Esse Viver Ninguém me Tira", filme dirigido por Caco Ciocler, participará no Festival do Rio, que acontece de 24 de setembro a 8 de outubro.

Ciocler, que faz parte do elenco de "De Menor", longa-metragem de Caru Alves de Souza, recebeu a notícia da participação do seu filme diretamente da reportagem enquanto tomava um café, no Espaço Itaú de Cinema, na rua Augusta, em São Paulo.

"Muito feliz, porque eu fui convidado para dirigir este documentário, não é um projeto pessoal. Em Gramado, foi a primeira vez que ele foi exibido para as pessoas e a primeira vez que eu vi o filme projetado em uma tela grande. Ter a chance de poder mostrar ele de novo, ainda mais em um festival importante como o do Rio, é só alegria."

Em sua estreia como diretor, Ciocler conta que um amigo sempre lhe dizia: "Caco, lembra por que você quis fazer este filme. Você queria passar por uma experiência, aprender e é por isso que você está neste filme". "Foi uma grande escola. Acho que aprendi mais [fazendo o filme] do que em qualquer curso de cinema, e ele me lembrava disso. Não era um projeto pessoal, mas acabou virando", diz.

Atualmente ele interpreta Paulo, na novela das seis "Boogie Oogie", e está em cartaz com a peça "Sit Down Drama", no Teatro Gazeta, em São Paulo.

O documentário "Esse Viver Ninguém me Tira" busca reconstruir o período vivido por dona Aracy Moebius de Carvalho Guimarães Rosa, em Hamburgo, quando se apaixona por João Guimarães Rosa. Trabalhando como chefe do setor de passaportes do consulado brasileiro, Aracy decide ajudar judeus a emigrarem para o Brasil, contrariando o regime nazista e as circulares secretas emitidas pelo governo Getúlio Vargas.

Sobre "De Menor", ele diz que recebeu o convite por telefone da cineasta Tata Amaral. "Tata é uma das cineastas com quem eu gostaria muito de trabalhar. Confesso que aceitei o convite por isso. Durante o workshop, ela decidiu que não ia mais dirigir o filme junto com a Caru", conta. "Achei um ato de generosidade profundo e parei de focar na Tata e comecei a focar na Caru e no filme. Eu estava muito inebriado por esse convite da Tata."

O longa, que trata sobre menores infratores, se passa na cidade de Santos, litoral de São Paulo. Além do convite da cineasta, o tema também motivou o ator a aceitar o convite. "Tenho um filho que na época tinha 16 anos e estavam começando as encrencas na escola. Achei que fosse uma realidade muito diferente e comecei a olhar para as crianças daquela maneira, naquele ambiente, pensei que o meu filho poderia perfeitamente fazer parte daquilo e a coisa tomou outra dimensão. Eu precisava exercer com o meu filho o tipo de autoridade que aquele juiz conseguia exercer com aquelas crianças. Embora ninguém saiba disso, foi uma pesquisa para o filme, mas também uma pesquisa para entender como é possível juntar o carinho e a autoridade, e fortalecer essa figura paterna."

Para o papel, Ciocler conta que "a parte mais útil foram as visitas ao fórum de Santos". "Fui para ficar de olho no juiz. Acompanhamos sessões abertas e foi constrangedor, porque sou uma pessoa conhecida e as pessoas queriam saber o que eu estava fazendo ali. E fiquei observando como ele conseguia juntar a austeridade com o afeto."

Este não foi o primeiro longa-metragem dirigido por um cineasta estreante. Além de Caru, Ciocler fez o primeiro longa de Juliana Reis ("Disparos") e o primeiro de Laís Bodanzky ("Bicho de Sete Cabeças"), entre outros. "Adoro trabalhar com primeiros longas, porque a pessoa está num estado poroso, mas não em uma porosidade burra. A Caru chegou no set sabendo muito bem o que ela queria e o que não queria."

Publicidade
Publicidade