Ele vive num barril, mas quer mesmo é que você vá morar num apartamento de 30m2 com espaço gourmet, academia e piscina com raia. Ele é o homem-placa-Chaves, variação de tática de marketing das imobiliárias e incorporadoras na hora de anunciar seus empreendimentos, mas pode chamar de Claudionor Figueiredo.
Figueiredo é um ator amador que, três anos atrás, assistia à cultuada comédia mexicana da década de 1970 quando teve com um vizinho a ideia de se caracterizar como o órfão obcecado por sanduíche de presunto para ganhar dinheiro.
Os dois customizaram roupas como a do personagem e saíram se oferecendo para trabalhar como homem-placa (função que consiste em, como diz o nome, segurar uma placa propagandeando algum negócio, como lançamentos imobiliários).
| Chico Felitti/Folhapress | ||
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| Claudionor Figueiredo, que se veste como o personagem Chaves para trabalhar de homem-placa |
Nos primeiros meses, afirma, ganhavam R$ 30 ou R$ 40 por dia, paga média da carreira. Mas, com o passar do tempo e "um resultado muito grande que o personagem traz, que faz até dobrar o número de pessoas que vão ao estande", ele diz que seus rendimentos dobraram.
As táticas para isso incluem rodar a placa enquanto chutam o ar como Chaves faz quando está animado (e ainda diz "zás, zás, zás", se tem alguém por perto).
"Hoje, num fim de semana, tiro R$ 160. Ou até mais." Diz ter uma carteira de clientes em vários bairros da cidade, mas ultimamente a onda dos lançamentos no centro estão o mantendo em ruas como a Bento Freitas e a Santo Antonio, além da avenida Angélica.
O trabalho não estragou seu gosto pelo seriado. "Às vezes pego para assistir e vejo das dez da noite às seis da manhã", conta ele, que prefere não dizer onde mora. Resume-se à frase: "levo algumas horas de ônibus para chegar ao centro ou à Vila Olímpia, os dois lugares onde mais trabalho". E vai no coletivo de camiseta listrada, calças curtas e o chapéu quadriculado em verde que cobre as orelhas.
"A galera olha. Mas olha com sorriso, curtindo."