Foi observando a realidade com "lentes cinematográficas" que o diretor argentino Damián Szifrón (leia entrevista abaixo) tirou suas inspirações para escrever as angustiantes e, ao mesmo tempo, divertidas tramas que compõem "Relatos Selvagens", filme que deu início à programação da 38ª Mostra Internacional de Cinema, que ocorre na cidade até 29/10.
As seis histórias do longa, produzido pelos irmãos Augustín e Pedro Almodóvar, acompanham personagens vivenciando situações do cotidiano no entorno de Buenos Aires e à beira de um ataque de nervos.
Em um dos episódios, Simon Fisher (Ricardo Darín), um veterano engenheiro, vive às turras com a burocracia portenha até chegar ao seu limite.
O último capítulo retrata uma festa de casamento que começa feliz e romântica, mas, aos poucos, vai ganhando ares de filme de terror.
Conforme se aproxima do fim, "Relatos", que chega ao circuito comercial na próxima quinta-feira (23), torna-se mais tenso e cada vez mais cômico.
Domingo (19), às 17h40, Reserva Cultural 1.
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sãopaulo - Para nós, brasileiros, Ricardo Darín é a cara do cinema argentino. Concorda?
Damián Szifrón - Sim, ele é claramente o nosso ator mais popular e, também, o mais importante. Ricardo é especial, transmite serenidade, inteligência, picardia e está sempre relacionado a produções de muita qualidade.
Além do futebol, acredita que Brasil e Argentina também são rivais no cinema?
Acho que há muita irmandade entre os dois países. O futebol é um jogo e sua essência é a competição. Para que um ganhe, o outro tem que perder. No cinema, podemos ganhar todos juntos. Se a região [América Latina] cresce, os filmes de todos os lados ficam melhores.
Conhece algo da cinematografia daqui? Ou algum diretor?
Quando "Relatos" foi exibido em Cannes, Walter Salles foi me cumprimentar com uma bondade... Há diretores importantíssimos no Brasil, como o próprio Salles, Fernando Meirelles, José Padilha. São todos cineastas fundamentais.