Mostra de Cinema: frequentadores dão dicas de como aproveitar o festival

Daqui até o dia 29 de outubro, São Paulo será tomada por cinéfilos. Eles se reúnem na capital para a 38ª Mostra Internacional de Cinema, que vai exibir 330 filmes durante duas semanas —e depois tem a repescagem, quando os títulos mais procurados são apresentados novamente.

Foi em 1977 que o crítico de cinema Leon Cakoff (morto em 2011) organizou exibições de filmes que, a princípio, aconteciam no Masp. Hoje, Renata de Almeida, sua viúva, é a diretora do evento que mexe com a cidade.

Nanah Correia é cantora e habitué da Mostra desde a primeira edição, quando "Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia" venceu o prêmio do público. "Naquela época, eu ia com a minha irmã mais velha no Masp e a gente via três filmes de uma vez", diz. Aos poucos, foi se apaixonando pelo cinema e, hoje, faz disso também um ganha-pão.

Nas duas semanas de exibições, ela trabalha para a Mostra como lançadora de legendas -aquela pessoa que, durante as sessões, fica com um computador na sala colocando as falas em português. Assim, aproveita para assistir a essas obras, mas nos intervalos do trabalho corre para dar conta de ver sua própria seleção.

Este ano, Nanah separou alguns longas que não quer perder de jeito nenhum, como "Uma Cadeira para um Anjo", "Sombra Branca" e "Um Pombo Pousou Num Galho Refletindo Sobre a Existência". "Gosto das sinopses mais malucas, sem pé nem cabeça. E daqueles filmes que se passam em lugares que eu não conheço e fico com vontade de conhecer."

Também veterana desde o primeiro ano, a aposentada Anette Fuks, 69, frequenta todas as edições, só pulou uma. "Faltei apenas quando o Cakoff fez uma coisa feia e deselegante comigo. No ano seguinte, voltei a frequentar", conta. Ela diz que em alguma edição assistiu a 118 filmes. "Em 2014 pretendo ver uns seis por dia, incluindo a repescagem."

Há 37 anos, nesta época, Antonio Carlos Egypto, 67, não marca compromissos. Psicólogo, sociólogo, crítico de cinema e autor do livro "Sexualidade e Transgressão no Cinema de Pedro Almodóvar" (que lançou este ano), ele reserva a segunda quinzena de outubro para conhecer as novidades. "Não fui à primeira, mas acompanhei todas as outras", diz. "Sempre vejo no mínimo 50 filmes. Já cheguei a ver 70, mas acho um exagero", diz.

ABAIXO, VEJA DICAS DOS VETERANOS PARA APROVEITAR MELHOR O FESTIVAL:

- Deixe os nacionais para ver depois

- Geralmente, os que ganharam prêmio, acabam estreando ao longo do próximo ano

- Blockbuster americano possivelmente entrará em cartaz

- No lugar de um filme longo, é possível ver outros dois. Ou três

- Dê preferência a filmes vindos de países que não têm tradição no circuito de cinema brasileiro, como os produzidos na Tchetchênia, no Cazaquistão, do Senegal e do Azerbaijão

- Se não viu os filmes de Pedro Almodóvar na tela grande, é uma ótima oportunidade. Ele é o homenageado da Mostra. Entre as dicas, "Tudo sobre Minha Mãe", "Carne Trêmula", "Fale com Ela" e "Labirinto de Paixões"

- Selecione os cinemas perto de sua casa

- Escolha obras de diretores que lhe agradem

- Priorize as histórias que mostrem lugares longínquos, de culturas diferentes

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