Fotógrafo paulistano registra a cidade com câmera do século 19

Um homem de terno e chapéu carrega um álbum de fotografias em sépia, um bule de chá quente e uma caixa preta. Ele está parado na avenida Paulista. E no tempo.

A figura responsável por essa viagem ao século 19 em pleno 2014 é Don Guedes -personagem criado e incorporado pelo jornalista e fotógrafo paulistano Vanderlei Guedes, 48.

A caixa com tripé que ele transporta pelas ruas da cidade esconde uma câmera fotográfica dos anos 1860. "Era da minha família. Já tinha a carcaça da máquina e resolvi fazer a restauração", conta Guedes, que interpreta Don desde janeiro.

No início, a ideia era lançar um livro com imagens de patrimônios históricos paulistanos, como a estação da Luz e o largo da Memória, para celebrar os 460 anos da cidade.

São Paulo aniversariou em 25 de janeiro, mas o projeto seguiu. "Defini etapas que estão sendo construídas na medida em que o personagem ganha força e relevância." Ou seja, ele quer ficar conhecido para conseguir um parceiro que banque a publicação.

Apesar do interesse em registrar e manter viva a história da cidade, Guedes também faz retratos dos transeuntes dispostos a pagar R$ 90 por foto.

A máquina de Don Guedes foi batizada de Câmera Clara de Hércules I. Trata-se de uma homenagem ao artista francês Hércules Florence, um dos pioneiros da fotografia, que registrou como era o Brasil no século 19.

Nas noites de sábado, Guedes encosta na esquina com a Consolação e oferece chá aos pedestres para aquecer conversas sobre fotografia. Aos domingos, passa o dia na Casa das Rosas, onde faz cliques enquanto há luz natural. "A missão é mostrar para as pessoas o que há de belo em São Paulo, além de trazer uma reflexão sobre como podemos ocupar a cidade."

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