Sol, si, lá, ré. Sol, si, lá, ré. Se você é fã da franquia "Jogos Vorazes" e tem conhecimento básico de música escrita, sabe que a combinação dessas quatro notas, com pequenas variações, é o hino da saga que saiu dos livros e arrasa bilheterias no cinema.
Foi aproveitando a popularidade da melodia de quatro notas, usada pelos aliados da protagonista Katniss Everdeen para se comunicar em sigilo, que a distribuidora brasileira do filme bolou uma ação com trilha sonora. Criou-se um equipamento que tocava algumas vezes por hora o som, que imita o canto do passarinho tordo, e o colocou em 20 pontos diferentes da cidade.
Ouça o som do passarinho de 'Jogos Vorazes
Veja vídeo da música 'Reggae de SP'
O piado chamou a atenção da estudante de moda Silvana Galliah, 21: "Ai, eu quase caí quando ouvi! Estava indo a pé para casa [no Itaim Bibi] e de repente começa a tocar uma música que parece de igreja, sem ter ninguém na rua. Não fazia ideia de o que fosse, mas pareceu uma coisa do mal no ato".
Amigas depois explicaram para ela que se tratava de uma ação de marketing do filme que levou 700 mil pessoas ao cinema nos seus dois primeiros dias de exibição, na semana passada. "Aí achei bem bolado. Mas mais coisa de adolescente, né?"
O cineasta Luis Gustavo Coutinho, 25, conhecia a melodia. Só não sabia de onde ela vinha quando começou a escutá-la de dentro do seu apartamento, na Bela Vista. "Era meio sinistro sim, porque foi bem tarde. Mas não estava muito alto, era até discreto."
"Foi interessante no começo, porque eu identifiquei logo de cara." Mas a preocupação nunca foi de uma insurgência popular como a retratada nos livros e filmes. "Em nenhum momento eu achei que ia começar uma revolução, se esse era o objetivo." Depois de um tempo, ele acha que o canto do tordo "ficou meio chato".
Para a alegria dos paulistanos que se assustaram com o passarinho digital, a ação terminou nesta semana. A Paris Filmes, que distribui "Jogos Vorazes" no Brasil, até cogitou manter o passarinho cantando, mas a ideia não foi para a frente.