Helvécio Ratton fala sobre os desafios de fazer filmes infantojuvenis

Desde 1986, quando realizou "A Dança dos Bonecos", o cineasta mineiro Helvécio Ratton, 65, está por dentro do universo infantojuvenil. Depois, veio "Menino Maluquinho - O Filme", em 1995, e, agora, ele retorna às telas —depois de trabalhos voltados ao público adulto, como "Batismo de Sangue" (2006)— com uma nova obra que mira os pequenos: "O Segredo dos Diamantes", que estreou na quinta (18).

Na história, o menino Ângelo (Matheus Abreu), com a ajuda de dois amigos, Carlinhos (Alberto Gouvea) e Júlia (Rachel Pimentel), busca um tesouro para salvar a vida do pai, que sofreu um acidente e precisa ser transferido de hospital com urgência. Juntos, eles embarcam numa aventura cheia de mistérios e desafios.

Para o Ratton, fazer longas-metragens para crianças "é um prazer enorme" e natural. "Costumo dizer que quando faço esses filmes tenho um codiretor que vive comigo. Ele tem por volta dos seus dez, 12 anos, às vezes um pouco mais, às vezes um pouco menos, e me lembra coisas divertidas, me traz lembranças. Faço um diálogo com o meu lado criança", diz.

Abaixo, leia a entrevista com o diretor.

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sãopaulo - O que mais te encanta no universo infantojuvenil, bastante presente na sua filmografia?
Helvécio Ratton - Tive uma infância muito ligada à fantasia e à imaginação. Enchia o saco da minha madrinha para ela ler coisas para mim. Aprendi a ler cedíssimo. Ficava fissurado com os filmes das matinês de domingo, tinha uma atração grande pelas histórias. Então, acho que conservei tudo isso muito forte. Costumo dizer que quando faço esses filmes tenho um codiretor que vive comigo. Ele tem por volta dos seus dez, 12 anos, às vezes um pouco mais, às vezes um pouco menos, e me lembra coisas divertidas, me traz lembranças, sugestões. Na verdade, faço um diálogo com o meu lado criança. Também vi muitas obras infantis porque tenho quatro filhas. Quando as duas mais velhas eram pequenas, íamos bastante ao cinema e eu ficava impressionado com a ruindade, com a baixa qualidade das produções para crianças, tanto as nacionais quanto as internacionais. Mas não faço longas-metragens infantojuvenis porque seja uma missão, faço porque tenho um prazer enorme. Agora, lamento que nem Ancine nem o Ministério da Cultura sejam capazes de criar um mecanismo para estimular a produção desses filmes.

Como você enxerga o cinema nacional hoje?
Vejo o cinema nacional com bons mecanismos de fomento da produção, mas com dificuldades severas, sérias e drásticas na distribuição e exibição. Quer dizer, a maior parte dos filmes têm muita dificuldade de chegar às salas de cinema e quando chegam, chegam muito mal. Estamos batendo quase em uma tecla só: ou é comédia ou é filme de autor. Fico preocupado quando vejo uma obra americano entrando em 1.400 salas no Brasil. É uma voracidade impressionante do mercado.

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