'Muitos descobriram o Memorial com o Chaves', diz presidente da fundação

À frente do Memorial da América Latina, ícone da cidade que completa 26 anos de existência em 2015, está um mineiro bom de papo. Ele é João Batista de Andrade, escritor ("A Terra Será Azul", 2014) e cineasta ("O Homem que Virou Suco", 1980) que, desde o fim de 2012, comanda a instituição da zona oeste projetada por Oscar Niemeyer.

O presidente da fundação, criada com o intuito de estreitar as relações do Brasil com os demais países latino-americanos, tem o desejo de aproximar o espaço da rotina dos paulistanos. "Quero ajudar as pessoas a descobrirem a riqueza cultural que o Memorial pode oferecer."

Lucas Lima/Folhapress
João Batista de Andrade, cineasta, escritor e presidente do Memorial da América Latina
João Batista de Andrade, cineasta, escritor e presidente do Memorial da América Latina

sãopaulo - Quais são os principais projetos do Memorial para 2015?
João Batista de Andrade - O Memorial é imenso e tem muitas possibilidades. Desde que assumi [a presidência], tomei duas linhas de trabalho. A primeira é aprimorar a reflexão sobre o que é a América Latina hoje para pensarmos quais são os desafios atuais do continente. A outra corrente é a de popularização desse espaço cultural, que sempre foi muito desligado da vida paulistana, mesmo estando na Barra Funda, um bairro extremamente populoso e que está sofrendo um processo de explosão demográfica. Ao mesmo tempo, tem um metrô ao lado, onde cerca de 400 mil pessoas circulam todos os dias. Tenho o desafio de atrair essa população, quero ajudar as pessoas a descobrirem a riqueza cultural que o Memorial pode oferecer.

O que fazer para que o Memorial se popularize, como vem acontecendo com o MIS?
Veja o que ocorreu com a exposição que tivemos em homenagem ao Chaves [personagem criado por Roberto G. Bolaños, morto em 28/11]. No próprio dia da morte, o pessoal do SBT me ligou com a ideia da mostra. Topei na hora porque eu não tenho uma visão elitista da cultura. É legal que abriguemos orquestra sinfônica, Portinari e Chaves. Tudo é importante. Achei fantástico porque ele é uma figura latino-americana e popular. O programa faz uma espécie de retrato crítico e cru do cotidiano das pessoas na América Latina. O resultado foi que tivemos mais de 10 mil visitantes só no primeiro dia. Muita gente descobriu o Memorial com o Chaves.

Como atrair mais os imigrantes latino-americanos?
Não é tão fácil, mas nos preocupamos com os imigrantes. Queremos que eles se sintam à vontade, como se estivessem em suas casas. Fazemos festas anuais em datas comemorativas de vários países e começamos a abrir mais o Memorial para conversas com organizações sociais e associações de bairro. Essa é a política que dá certo.

Por estar ligado ao cinema e à literatura, o senhor dá mais atenção para essas áreas?
Certamente. Não que os outros diretores fossem ruins, mas pelo fato de eu ser dessas duas áreas, criei uma relação mais direta com elas. Acho que ajudei a colocar o Memorial da América Latina no mundo da cultura.

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