Praça que homenageia vítimas de acidente aéreo tem sinais de abandono

Faz um tempo que Marcos Cartum, 54, não visita o Memorial 17 de Julho, em frente ao aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo. "Não passo para não me aborrecer", diz o arquiteto, autor do projeto da praça que faz homenagem às 199 vítimas do acidente com o voo 3054 da TAM. Inaugurado em 2012, o espaço apresenta sinais de abandono.

Na última quarta-feira (21), os jardins estavam malcuidados e os bancos de madeira apresentavam falhas. Vazio, o espelho de água existente no centro da praça estava sujo e a mureta que o cerca, com pichações.

À noite, os pontos de luzes que representam as 199 vítimas do acidente, ocorrido em 17 de julho de 2007, ficam apagados, assim como os existentes dentro do espelho de água.

"É um espaço sagrado para nós e vê-lo naquelas condições é muito triste", afirma Dario Scott, 51, presidente da Afavitam (Associação dos Familiares e Amigos das Vítimas do Voo TAM JJ3054). Ele perdeu a filha de 14 anos no acidente.

"Não tenho mais ido ao memorial para não ver esse abandono", diz o empresário José Roberto da Silva, 58, pai da comissária Madalena Silva, uma das vítimas da queda do Airbus A320 da TAM.

"Não tenho nada contra quem anda de skate, mas tenho tudo contra a depredação que está sendo feita lá", continua o empresário. "Um dia, pedi gentilmente para que não subissem na mureta com os nomes dos nossos filhos e ficaram bravos. Disseram que ali era público."

Aberta em 17 de julho de 2012, exatamente cinco anos após o acidente, a praça custou R$ 3,5 milhões aos cofres públicos. Mas o projeto não chegou a ser concluído.

Segundo Marcos Cartum, os nomes das vítimas foram gravados com tinta na mureta do espelho de água apenas provisoriamente. A ideia original, acrescenta o arquiteto, era inscrevê-los em uma chapa de aço que envolveria toda a estrutura. "A gente quer ver a praça da forma que ela foi projetada."

OUTRO LADO

Procurada, a Subprefeitura de Santo Amaro informou, em nota, ter programado para a próxima segunda (26) ações de manutenção e zeladoria na praça. De acordo com a repartição, o espaço recebeu os serviços pela última vez no mês passado.

O espelho de água no centro da praça foi esvaziado em razão de um vazamento, segundo a subprefeitura, que promete efetuar o reparo, mas não disse quando deve efetuá-lo.

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