São Paulo, 461

'Você se apaixona por SP aos poucos', diz guia francesa

Há cinco anos, a francesa Gaëlle Pierson, 42, mudou-se para São Paulo, acompanhando o marido.

Seu gosto pelas artes plásticas e sua experiência na área a aproximaram de museus e eventos culturais paulistanos. Em 2010, foi voluntária na Bienal, guiando visitantes em francês. Daí surgiram convites de visitas guiadas.

Ezyê Moleda/Folhapress
A francesa Gaëlle Pierson, que trabalha como guia cultural para estrangeiros em SP, em sua casa
A francesa Gaëlle Pierson, que trabalha como guia cultural para estrangeiros em SP, em sua casa

Com a demanda, Gaëlle criou, em novembro passado, o site SampaEscale, em que interessados podem agendar passeios a exposições e a três regiões: o centro, a Vila Madalena e o Ibirapuera. Uma visita à mostra de Ron Mueck, na Pinacoteca, por exemplo, custa R$ 50 (com a entrada inclusa).

São grupos de até 20 pessoas, guiadas em francês —há opções em outras línguas. "O foco são estrangeiros", diz. "Percebi que não havia muitas informações para estrangeiros sobre atividades culturais."

sãopaulo - Qual público você recebe em visitas?
Gaëlle Pierson - Há estrangeiros que moram aqui, gente que vem a trabalho e brasileiros que estudam francês. O interessante é que às vezes recebo funcionários de grandes empresas, que ficam em grandes hotéis e vão a bons restaurantes, mas que gostaram muito de comer pastel no Mercadão. Acho que é assim que se aprende a gostar da cidade. É menos formal.

Como os estrangeiros veem a cidade?
As pessoas geralmente têm preconceitos. São Paulo não é como Paris, por quem você se apaixona à primeira vista. Você se apaixona por São Paulo aos poucos. É como o centro, do qual as pessoas têm medo, mas aprendem a gostar depois de conhecê-lo melhor. Eu vi o centro há cinco anos e agora mudou muito. Ele tem uma alma muito incrível.

E as exposições?
Para os europeus, é uma surpresa ver tantas opções culturais de graça. São Paulo tem uma oferta incrível, de qualidade.

O que você acha das grandes filas que têm se formado em mostras?
Isso é ser vítima do próprio sucesso. Mas acho que os museus vão se organizar para melhorar essa gestão de fluxo.

Para as visitas, você teve dificuldades com as filas?
Eu consegui fazer uma parceria com alguns museus e centros culturais. No Instituto Tomie Ohtake [que abrigava uma retrospectiva de Salvador Dalí], eu marcava um horário e eles me deixavam entrar como grupo agendado, sem fila. E, na Pinacoteca, com o Ron Mueck, que tinha mais ou menos duas ou três horas de fila, eles me deixaram ir de segunda-feira, quando o museu está fechado.

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