Genro de Ariano Suassuna exibe fotos do escritor em SP; leia a entrevista

Desde janeiro, a Caixa Cultura (no centro de São Paulo) homenageia Ariano Suassuna (1927-2014). Parte dessa programação, a mostra "O Decifrador" tem 15 fotos que retratam o escritor no seu cotidiano e em viagens.

O artista plástico Alexandre Nóbrega foi genro de Suassuna, além de ter trabalhado ao seu lado por 14 anos. Ele lançou, em 2011, um livro com mais de 200 imagens. "Comecei a fotografar o Ariano sem nenhuma intenção. Não havia o plano de que isso resultasse em um livro ou em uma exposição", diz.

O evento passou por Brasília, Recife e Rio de Janeiro. Em São Paulo, chegou sucinto: são 15 imagens que mostram o autor de "O Auto da Compadecida" em viagens pelo sertão do Nordeste.

Na mostra, nenhuma fotografia tem legenda ou descrição. "Achei que seria desnecessário", afirma Nóbrega. Para ele, "as imagens falam por si só".

É uma boa oportunidade para vislumbrar o autor paraibano, que costumava ser bastante reservado, em ângulos descontraídos e pessoais, clicados sem muita pretensão artística.

Neste domingo (8), a Caixa Cultural exibe também os últimos filmes da mostra que homenageia Suassuna: "Princesa do Sertão", às 15h30, e "O Santo e a Porca", às 18h. Os ingressos custam R$ 1 e devem ser retirados com uma hora de antecedência.

Veja, abaixo, a entrevista com Alexandre Nóbrega.

Informe-se sobre o evento

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Papo de... Fotógrafo

Alexandre Nóbrega, autor da mostra e do livro "O Decifrador"

sãopaulo - Ariano Suassuna parecia ser uma pessoa reservada. Ele deixou que você o fotografasse?
Alexandre Nóbrega - Na verdade, eu comecei a fazer as fotos sem nenhuma pretensão. Eu cliquei imagens dele por cinco anos. Mas o Ariano só soube mesmo da dimensão do trabalho quando eu lhe mostrei o livro, que já estava praticamente pronto. Levei mais ou menos um ano para escolher as imagens que entrariam na obra e para definir o projeto gráfico.

Você acha que Suassuna deixaria outra pessoa registrá-lo?
Talvez não fosse possível com outra pessoa. Além de ser seu genro, trabalhei ao seu lado durante 14 anos. Tínhamos uma convivência íntima e diária.

Ele chegou a ver a exposição de fotos? O que achou?
Ele viu a mostra em algumas cidades. Me lembro que ele foi para Brasília, onde aconteceu a primeira exposição. Não me recordo exatamente, mas sei que ele comentou foto por foto e lembrou de momentos específicos, particularidades e casos.

Quantas fotos você tirou do Suassuna?
É difícil dizer. Mas acredito que foram aproximadamente 3.000. Depois que o livro foi publicado, continuei a fotografá-lo.

Em São Paulo, a mostra tem 15 imagens. Qual foi seu critério de seleção?
Isso depende da disponibilidade do espaço. Há centros culturais que comportam mais imagens, e outros, menos. Então, dividi as fotografias em "blocos". Há um com retratos do Ariano em sua casa, em Fortaleza, outro com cenas de viagens. Para São Paulo, selecionei momentos dele no sertão nordestino.

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