Conheça etapas e entraves da expansão do metrô em SP

Construir uma linha de metrô leva vários anos e demanda investimento de alguns bilhões de reais. Veja abaixo detalhes do processo e em quais etapas podem surgir entraves que atrasam a implantação das linhas.

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PLANEJAMENTO

PROJETOS DE REDE
O Metrô já elaborou mais de seis planos de expansão ao longo de sua história, com inúmeros traçados. Nenhum deles foi implantado por completo. O mapa abaixo, de 1968, já previa a linha amarela, por exemplo. Cabe ao governo definir o que será feito primeiro e alterar os planos.

Editoria de Arte/Revista sãopaulo

PROJETO DA LINHA
Definido o traçado, o Metrô escolhe o tipo de obra (se será subterrânea ou monotrilho), as desapropriações e o orçamento. Essa etapa pode levar mais de um ano.

MORADORES
Em bairros nobres, moradores brigaram para mudar os planos e retirar o metrô de suas regiões. A estação Três Poderes, na zona oeste, foi riscada da linha 4-amarela.

DINHEIRO
O governo trabalha com projeções para fazer seu orçamento. Se a arrecadação vem menor do que o esperado, falta verba para investir. A saída é fazer empréstimos, inclusive internacionais, mas há limites para endividamento.

MONOTRILHO
Para economizar tempo, desapropriações e custos, o metrô investe em linhas de monotrilho. Porém, a linha 15-prata já está sendo construída há seis anos e até agora teve apenas duas estações abertas. Embora mais simples, a obra saiu mais cara do que o esperado, pois foram incluídos nos projetos a construção de ciclovias e plantio de árvores.

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LICITAÇÂO

CONCORRÊNCIA
Definida a obra, o Metrô abre uma licitação para definir quem executará a obra. As regras da disputa são estabelecidas em um edital. Os concorrentes precisam apresentar garantias de que conseguirão executar os serviços.

VíCIOS DE EDITAL
Se houver indícios de direcionamento no edital, a concorrência pode ser questionada na Justiça e ficar parada por meses. Como há poucas empresas com experiência em construção pesada, há mais chances de formação de cartéis para combinar preços, dizem especialistas.

PPP
Nas PPPs (Parceria Público-Privadas), o governo divide com as empresas o custo da obra. Em troca, elas podem explorar a linha por décadas. Como a tarifa de metrô não é tão alta como a de um pedágio, por exemplo, aparecem menos interessados do que em obras como rodovias e aeroportos.

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DESAPROPRIAÇÕES

INDENIZAÇÕES
Peritos definem o valor a ser pago por cada imóvel. O morador irá receber o dinheiro em juízo, o que não é igual a recebê-lo na conta-corrente. Até o valor ser depositado de fato pode demorar meses.

RECURSOS
Depois que o valor do imóvel é determinado, o morador é convidado a sair do local. Se ele não concordar com o valor pago, pode questionar o valor na Justiça. Há mais dificuldades para retirar famílias de ocupações irregulares e pessoas com problemas de locomoção, que também podem levar o processo aos tribunais.

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OBRAS

LICENÇA AMBIENTAL
Antes de começar as obras, é preciso autorização da prefeitura para cortar árvores e provar que não haverá excesso de poluição e barulho durante as obras; o metrô fica na fila da aprovação junto com empreendimentos comerciais.

ERROS DE PROJETO
Se o projeto feito pelo governo tiver erros, a construtora ganha o direito de postergar a obra e receber mais dinheiro além do contrato inicial. São os chamados aditivos.

ERRO DE EXECUÇÃO
Nas obras da linha 4-amarela, quando dois túneis se encontraram, havia um desnível de 80 cm entre eles. Foi preciso refazer 40 metros de túnel, o que levou três semanas. Nesses casos, a conta fica com a construtora.

ACIDENTES
Tragédias como a cratera de Pinheiros, acidente ocorrido em 2007 que deixou sete mortos, atrasam os trabalhos pois é preciso fazer perícias nas obras para evitar novos problemas. Nas obras da linha 17-ouro, a queda de uma pilastra deixou um operário morto.

FALTA DE VERBA
Se a arrecadação cai, o governo passa a investir menos nas obras por falta de verba. A gestão pode escolher priorizar outras obras, como estradas, escolas ou hospitais.

TESTES
Após o fim das obras, o Metrô faz diversos testes antes de liberar a operação em tempo integral. Essa fase pode durar semanas ou meses.

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