Filho de Sebastião Salgado fala sobre o pai, 'O Sal da Terra' e Wim Wenders

Há mais de duas décadas, o alemão Wim Wenders passeava por uma galeria quando uma imagem com milhares de garimpeiros em Serra Pelada o comoveu. Ele não sabia quem havia capturado aquele momento, mas pensou: "quem quer que fosse, devia ser um grande fotógrafo e aventureiro".

Tempos depois, o diretor de longas como "Asas do Desejo" (1987) e "Pina" (2011) conheceu, enfim, Sebastião Salgado —hoje aos 71 anos—, o tal autor do retrato e um dos fotógrafos mais celebrados do mundo.

Anos mais tarde, ele decidiu que aquele homem —"que se importava mesmo com as pessoas"— seria o protagonista de um filme seu. No caso, de "O Sal da Terra", que estreou na quinta (26).

Dirigido em parceria com Juliano Ribeiro Salgado (leia entrevista abaixo), filho do personagem central, o longa foi um dos indicados ao Oscar 2015 de melhor documentário.

No título, acompanhamos Sebastião, ou Tião, como também é chamado na tela, em Aimorés, Minas Gerais, sua terra natal. Ou em Paris, para onde foi em 1969 com Lélia, a mulher, após se formar em economia.

Também o vemos em lugares como México, Etiópia, Congo, Kuait, Guiana Francesa, Ártico, Nordeste brasileiro, Amazônia, Galápagos. Todos cenários de suas fotos.

Durante quase duas horas, Salgado relembra histórias a respeito de seus retratados e revela bastidores arrepiantes de seus trabalhos, realizados em meio a guerras, massacres e êxodos pelos pontos mais inóspitos do planeta.

Informe-se sobre o filme

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Como foi trabalhar com o Wim Wenders?
Na sala de edição foi infernal. O Wim não é fácil. Do nada, aquele cara gentil começou a gritar porque não tinha gostado do material que eu havia editado. Só quando decidimos editar juntos é que o filme saiu.

O documentário toca na questão da ausência do seu pai. Fazer o filme foi terapêutico para você?
Para mim foi totalmente. Quando começamos o filme, eu e o Sebastião quase não nos falávamos, não conseguíamos, brigávamos muito. Mas, ao ver as entrevistas feitas pelo Wim, passei a olhar o Tião de um jeito diferente. Assim que terminamos a edição em Berlim, fui para Paris [onde Sebastião Salgado mora]. De repente, nós éramos amigos. Foi estranho, muito forte, muito bom.

Tem planos para um novo longa?
Estamos [ele e a namorada, Ivi Roberg] escrevendo. Será um thriller que se passará em São Paulo sobre pessoas que querem ascender socialmente.

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