'A vida toda esperei por este momento', diz grávida de trigêmeos

"Até outubro do ano passado, não poderia ser mãe, mas agora estou gerando três vidas." Foi assim, com a voz embargada, que a gerente administrativa Isabel Cristina Cardoso, 45, contou à sãopaulo que estava grávida de trigêmeos.

A gestação, que ainda não completou sete meses, só foi possível graças à FIV (fertilização in vitro). A primeira tentativa, em setembro de 2013, não deu certo. Casada há nove anos, Isabel tentava ser mãe pelo método natural desde então. O marido, Leandro Barbosa, 42, já é pai de um casal e também avô. "Sabia que a dificuldade não era dele."

Isabel faz parte da estatística mundial. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), aproximadamente 15% da população tem problemas de fertilidade. O mesmo número é refletido no Brasil.

"Eu tinha um mioma no útero, mas o médico que fez a primeira fertilização não viu." Ela conta que o casal ficou muito mal quando não deu certo. "Além do lado psicológico, você dedica muito tempo ao tratamento. Muitas vezes leva meses para conseguir concluir, e ainda tem os valores investidos."

No país, são atendidos 25 mil casos por ano, segundo Ricardo Baruffi, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida. O investimento para cada tentativa varia de R$ 5.000 a R$ 20 mil.

Depois da primeira vez, ela e o marido conversaram e decidiram não falar sobre a maternidade por um tempo. Até que, em 2014, veio de novo o desejo de engravidar, com outro médico e outra clínica. "Encontramos o Rodrigo [da Rosa Filho, médico da clínica Mater Prime] e fomos só conversar, mas acabei decidindo retomar o tratamento."

Foi durante os exames realizados antes do início do tratamento com hormônios que o mioma foi descoberto. "Tive de parar tudo. Fizemos a cirurgia em agosto. No mês seguinte recomeçamos o tratamento. Em 31 de outubro fiz a transferência dos embriões", enumera Isabel.

Na FIV, o médico colhe o óvulo e os espermatozoides para gerar o embrião. Depois de alguns dias, ele é transferido para o útero da paciente. "No dia 21 de novembro voltei à clínica e o primeiro ultrassom mostrou que eu estava grávida de gêmeos."

Só em 6 de janeiro, já com três meses de gestação, é que foi feito o ultrassom morfológico e a médica responsável informou que havia três bebês. "Meu marido quase caiu. Eu fiquei sem emoção." Em breve, chegam para alegrar a casa Gustavo, Henrique e Maria Antônia.

No dia marcado para a sessão de fotos para a reportagem, Isabel já estava internada na maternidade São Luiz do Itaim Bibi (zona oeste), pois uns dos bebês não estava ganhando o mesmo peso que os outros dois e precisava ser acompanhado mais de perto.

"Durante minha vida inteira esperei por esse momento. Vi cunhada, vizinhos, amigos e irmã tendo filhos. Agora que aconteceu comigo, não consigo descrever uma emoção, estou flutuando nessa boa-nova. Estou feliz da vida, mas é muita mistura de sentimentos", conta a futura mãe.

Isso significa que, embora o sentimento de ser mãe seja pleno, existe a parte prática que precisa de adaptações. Por exemplo, na casa. Isabel vive em um apartamento de três suítes com o marido, mas um deles foi transformado em closet. "Vamos usar o terceiro quarto para os três bebês. Conforme eles crescerem, daqui uns dois, três anos, ou a gente muda para uma casa grande ou desmonta o closet."

Quando voltar para casa, ela já imagina as noites maldormidas que terá e a amamentação de três. "Não vai ser mole. Mesmo que eu tenha uma pessoa me ajudando, tudo é a mãe. E é para a vida inteira." Ela se emociona também ao falar do apoio do marido. "Desde o primeiro instante que falei da minha dor de não poder engravidar, ele correu, fez os exames. Tenho certeza que será um excelente pai. Isso é fascinante!"

Em tempo: o presente de Dia das Mães foi o nascimento dos bebês neste domingo (10), às 9h30. Mãe e filhos passam bem.

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