ONG quer que ursos polares do Aquário de SP voltem à Rússia

Aurora e Peregrino caminham pelo recinto de
1.500 m² que ocupam no Aquário de São Paulo, no Ipiranga (zona sul), alheios à discussão provocada por sua presença no país.

Desde que os ursos polares começaram a ser exibidos ao público, em abril, a ONG Aila (Aliança Internacional do Animal) faz protestos todos os domingos em frente ao aquário.

Na quarta (20), membros da ONG realizaram uma manifestação na entrada do Consulado da Rússia, pedindo a volta dos animais para o Zoológico de Udmurtia, em Izhevsk, onde estavam antes de chegar ao Brasil.

Lá, diz a Aila, eles tinham melhores condições de vida, em um espaço aberto, mais amplo e com clima próximo do visto em seu habitat.

A entidade diz que vai buscar mecanismos dentro da lei para atingir esse objetivo e conseguir mais informações sobre a transferência do casal.

"Vamos continuar até os ursos saírem. Os animais estão a luz de LED. Até um assassino tem uma hora de luz do sol", diz a coordenadora de projetos da Aila, Marta Giraldes, 47.

O aquário, por sua vez, afirma que as acusações são infundadas porque o recinto dos animais tem claraboias retráteis, que permitem a entrada de luz, além de um espaço acima da média. A reportagem contou ao menos quatro claraboias no local.

"O zoológico de Izhevsk pediu que Kazan [zoo onde inicialmente ficavam os ursos e que é responsável por eles] tirasse os dois de lá porque não tinha mais espaço. Izhevsk estava com seis ursos e eles não podiam conviver", diz o presidente do aquário, Anael Fahel.

Com a destruição de seu habitat e a expansão das cidades, os animais estariam mais próximos de zonas urbanas, onde são caçados e deixam órfãos, vários recolhidos pelos zoos russos.

O professor da Faculdade de Medicina Veterinária da USP José Dias diz que o cativeiro nunca consegue reproduzir a vida natural, mas ressalta que os zoológicos às vezes são a opção final para uma espécie ameaçada.

"O ideal seria que não tivéssemos o cativeiro, mas para muitos indivíduos é a última fronteira, porque não têm mais espaço na natureza." Dias destaca a função pedagógica de mostrar os animais, os primeiros a sofrer com as mudanças causadas pelo homem.

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