O Melhor de sãopaulo - Serviços

'Compra de livro tem que ser agradável', diz presidente da Saraiva

Jorge Saraiva Neto, 31, é presidente da Saraiva. A livraria, eleita a melhor de SP pela pesquisa Datafolha, tem 115 lojas em 17 Estados e soma mais de 2 milhões de itens em seu acervo —entre livros, artigos de papelaria, games, filmes, música e eletrônicos

Hoje, entrar numa livraria é uma experiência que vai além da compra do livro?
Sim. Cada um consome o livro sozinho em sua casa, mas a compra tem que ser mais agradável do que em qualquer loja. Quando você entra na livraria, você se aproxima dos universos da cultura, do lazer e da edução, que são lúdicos e agradáveis e devem estar acessíveis a todos.

A maioria das lojas da Saraiva estão dentro de shoppings. O que muda no consumo?
O shopping é um local também de passeio, principalmente para as famílias. Ao consumidor, muda muito pouco. Para nós do varejo, é bom porque a livraria é um local que recebe aquela pessoa que não quer ficar passeando pelo shopping enquanto o resto do grupo está fazendo compras. Ela senta, ouve música e até inicia a leitura de um livro que, eventualmente, pode comprar.

A Saraiva aposta em algum gênero específico?
O acervo é uma das principais características de uma boa livraria, ao lado de atendimento e serviços. Por isso, acreditamos que ele deva ser democrático. Nosso desejo e ambição, apesar de ser muito difícil, é ter todos os livros que o nosso cliente procura.

E o que eles mais procuram?
O mercado de livros não é tão linear. No primeiro trimestre do ano há uma procura enorme por livros didáticos e universitários. Ao longo dos nove meses restantes, a demanda é por livros de literatura e há sempre uma tendência, que a Saraiva procura seguir. Não há apenas um perfil de cliente. Hoje, vivemos a febre dos livros de colorir. Nosso dever é achar este livro e disponibilizá-lo junto ao lápis de cor.

Como a Saraiva encara as transformações do digital?
Sempre esteve na pauta. Somos um dos primeiros sites de compra do Brasil. Encaramos o digital com positividade, porque ele criou mais um meio de as pessoas terem acesso à literatura e à leitura. Entendemos que trará outros desafios, mas sabemos que tendo carinho e atenção pelo nosso produto, conseguiremos conquistar essa nova etapa de consumo do livro.

Quais são esses desafios?
O digital é transmitido pela nuvem, pela internet, tornando obsoleta, se ele chegar a ter a dimensão que esperamos no futuro, a cadeia de distribuição física do livro. Gerenciar essa transição será um desafio muito grande, mas não acredito que isso seja o caso.

Não acha que o livro impresso vai acabar, então?
Não enquanto eu estiver vivo. Ainda quero ler muito livro impresso. A gente nunca sabe, mas tem um livro do Humberto Eco em que ele fala sobre isso. Diz que quando lançaram a TV, todo mundo achou que o rádio fosse acabar. Eu ainda escuto rádio quando venho para o trabalho. Acho que [o digital] é mais uma maneira de se transmitir conteúdo.

Qual o seu livro preferido?
Essa é uma pergunta difícil. Livro preferido você tem na época. Eu diria que o último livro que eu li e me apaixonei foi a coleção da "Guerra dos Tronos", do George R. R. Martin. Tenho uma sexta edição da "Dança dos Dragões", que é a versão não editada que tem cerca de 1.200 páginas. Li em menos de uma semana. Todos os livros são apaixonantes, mas esse foi um daqueles em que você passa uma noite sem dormir porque quer acabar de ler logo.

Publicidade
Publicidade