Lei de Zoneamento

'Av. Rebouças precisa deixar claro sua vocação', diz consultor de varejo

Uma farmácia, um posto de gasolina, uma livraria, uma fábrica de móveis e até uma igreja figuram entre os estabelecimentos que saíram da avenida Rebouças nos últimos meses. Na metade de junho, havia 35 imóveis à venda ou para alugar em um trecho de 1,1 km, entre a avenida Faria Lima e a avenida Brasil.

A chegada do metrô, que valorizou os imóveis, o trânsito e a espera dos proprietários pela aprovação do projeto de revisão da lei de zoneamento, que pode elevar o preço dos terrenos, estão entre as causas do esvaziamento.

No futuro, a Rebouças e o seu entorno podem ser transformados. De um lado da avenida, o de Pinheiros, o projeto deve incentivar a construção de prédios e o aumento do número de moradores. No outro lado, o dos Jardins, as casas passariam a ganhar a companhia de mais estabelecimentos comerciais.

Enquanto a lei é discutida na Câmara, Juracy Parente, coordenador do Centro de Excelência em Varejo da FGV (Fundação Getúlio Vargas), sugere medidas para solucionar a fuga de lojas.

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sãopaulo - O que pode acontecer se avenida continuar como está?
Juracy Parente - Quando o varejo de uma região entra em decadência, provoca uma série de problemas urbanos graves, como crime, desvalorização imobiliária, migração para shoppings. Uma cidade sem comércio de rua é uma cidade com menos vitalidade, porque os shoppings são ilhas isoladas. Para melhorar a qualidade de vida, é fundamental que a gestão pública promova esforços para a revitalização dos comércios.

E como fazer isso?
Falta a prefeitura reconhecer a vocação da avenida, que na minha opinião são lojas de decoração e design para o público de alto padrão. Acho que os lojistas da região poderiam agir em conjunto para pressionar o poder público a revitalizar a área.

De que forma?
Estacionamentos privados, restaurantes, banquinhos de descanso, que estimulassem o consumidor a visitar a região e passar manhã inteira ali. Algo parecido com o que aconteceu com a rua Oscar Freire.

E isso atrairia mais clientes?
Com incentivo, sim. Se a avenida se tornasse esse polo, pessoas do Brasil inteiro viriam visitá-la para se atualizar das últimas novidades do mercado de decoração. O local tem potencial para ser um centro nacional de decoração. Como se fosse um shopping de decoração, mas na rua.

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