Sem ritmo de jogo, Pacaembu pode receber partidas de futebol de várzea

Propondo a utilização do estádio do Pacaembu para a realização de partidas de futebol de várzea, um projeto de lei de 2014 recebeu parecer favorável da Comissão de Educação, Cultura e Esportes da Câmara Municipal de São Paulo nesta quarta (24).

Com cinco votos de apoio, um contra e uma abstenção, o PL 226/2014 deve seguir agora para a Comissão de Finanças e Orçamento, de acordo com seu autor, o vereador Nelo Rodolfo (PMDB). Ainda não há previsão de quando o documento será enviado para votação em sessão plenária.

O texto, protocolado em maio do ano passado, sugere que o estádio municipal Paulo Machado de Carvalho, na praça Charles Miller (centro), seja utilizado para abrigar jogos amadores das 7h às 13h dos domingos. Ingressos, de acordo com o artigo 5º, "deverão ter um preço para apenas despesas extras que estas partidas gerarem". Ou "entrada franca".

"Precisamos dar uma utilidade para o estádio. A prefeitura tentou fazer coisas, mas até agora não chegamos a nenhum resultado. Há centenas de times amadores por São Paulo. Fazendo ali os jogos de maior relevância, podemos até revelar novos talentos para o futebol", afirma Rodolfo.

Em janeiro, a Prefeitura de São Paulo lançou um chamamento público para que empresas ou entidades apresentassem projetos para a gestão daquele aparelho do município.

O vereador não acredita que moradores da região possam se manifestar contra a ideia. "Um estádio daquele tamanho, lindo como ele é, palco das maiores lembranças do futebol brasileiro, ficar parado... É uma vergonha. É um projeto embrião ainda, vamos aprofundá-lo para que a gente dê uma utilidade justa ao estádio mais tradicional da cidade."

Para o engenheiro e presidente da associação Viva Pacaembu, Rodrigo Mauro, 33, tanto em jogos profissionais quanto em pelejas amadoras, o que deve ser levado em conta é o que ocorre no entorno do estádio.

"Pode ter quem ache pejorativo falar em 'várzea', mas é esporte. E o estádio nasceu para isso: para sediar eventos esportivos. A questão do jogo não é um problema", explica Mauro.

"A preocupação é de os órgãos competentes não fiscalizarem a área externa, por tudo o que pode acontecer: flanelinhas, ônibus barulhentos, estacionamentos em locais proibidos... Grito de torcida e de gol não é prejudicial, nem nunca foi", avalia Mauro.

Presidida pelo petista Paulo Batista dos Reis, a Comissão de Educação, Cultura e Esportes é integrada por Toninho Vespoli (Psol), Salomão Pereira (PSDB), Quito Formiga (PR), Eliseu Gabriel (PSB), Claudinho de Souza (PSBD) e Marco Antonio Ricciardelli (PTB), mais conhecido como Marquito –este último se manifestou contrário ao projeto.

TORCIDA

O estádio do Pacaembu foi inaugurado em 1940. Na década de 1990, foi tombado como patrimônio histórico de São Paulo.

Não seria novidade o campo, que viu o Corinthians levantar a taça da Libertadores, abrigar um duelo entre times de várzea em suas quatro linhas.

Em 2012, o Ajax (de Vila Rica, na zona leste) venceu a Turma do Baffô (do Jardim Clímax, na zona sul) por 2 a 1 e sagrou-se campeão da antiga Copa Kaiser em final disputada no Pacaembu com boa adesão de torcedores.

"Acho a ideia da lei legal, apesar de que, pagando e cumprindo as regras, como sempre fizemos, nada te impedir de fazer jogos amadores lá", conta Vavá, diretor da Evidência, empresa responsável pela organização do torneio.

"Tem que cobrir os custos, o operacional, recolher todas as taxas no banco, fazer reuniões com a polícia... Toda a burocracia tinha que ser feita, mas não havia impedimento, desde que a data estivesse disponível. Mesmo porque não tinha cobrança de ingresso."

Rebatizada como Copa São Paulo Itaipava, a competição dará início à temporada 2015 no dia 26 de julho com 136 times inscritos.

Segundo o organizador, a final, prevista para o dia 13 de dezembro, deve ser disputada no icônico estádio paulistano.

Publicidade
Publicidade