Casa na Barra Funda mantém exposição permanente sobre Mário de Andrade

"A minha casa me defende, que sou, por mim, muito desprovido de defesas", escreveu Mário de Andrade à poetisa Henriqueta Lisboa. A casa em questão fica no número 546 da rua Lopes Chaves, na Barra Funda (zona oeste).

Mário mudou-se para o imóvel em 1921, junto da mãe e da tia —o sobrado abrigava três residências interligadas— e lá permaneceu até sua morte, em 1945. "Mário era sua casa, e ela, extensão de seu corpo e temperamento", escreveu Carlos Augusto Calil, curador da exposição permanente sobre o autor que hoje ocupa o endereço.

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Essa amálgama entre o imóvel e o poeta se evidenciava nos móveis, desenhados por Mário, nas estantes de livros que foram se expandindo até ocupar seis cômodos, na vasta coleção de obras de arte e objetos da cultura popular.

Como não podia deixar de ser, o sobrado da Lopes Chaves está também presente em diversos poemas, contos, crônicas e cartas. "Ela era o seu centro, a partir de sua casa ele observava e avaliava o mundo", afirma Calil.

O mundo e a São Paulo do século 20, com a qual o autor de Macunaíma também mantinha uma relação intensa.

"Mário era o poeta de sua cidade. Não por acaso a obra manifesto, com que lançou sua proposta de poesia, chamou-se 'Pauliceia Desvairada'", diz o curador.

A casa da Lopes Chaves foi reaberta para visitação em maio último, como parte dos eventos para lembrar os 70 anos da morte do autor, que também é o homenageado da Flip, que termina neste domingo (5), em Paraty.

Na casa da Barra Funda, é possível participar de oficinas culturais ou apenas desfrutar da exposição permanente.

O acervo é reduzido. Estão lá, entre outros itens, o piano em que o modernista dava aulas de música, um par de óculos, um mata-borrão, além de um smoking do irmão do escritor. Esquecido numa tinturaria em 1934, o traje passou mais de 80 anos perdido, até achar seu descanso na vitrine do museu.

Casa Mário de Andrade. Rua Lopes Chaves, 546, Barra Funda, tel. 3666-5803 / 3826-4085. casamariodeandrade@oficinasculturais.org.br. "A Morada do Coração Perdido". Ter. a sex.: 9h às 18h. Sáb.: 10h às 16h. Grátis.

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