Exposição no Memorial da América Latina retrata origem de ingredientes

Farinha torrada é boa para engrossar caldos e fazer pirão. Salpicada sobre o arroz e o feijão, vira uma clássica trinca. Ela vem da mandioca ralada, que é espremida e desidratada em chapa quente até virar pó.

Mas nem todo mundo tem conhecimento de sua origem, muito menos como é produzida. O que se sabe é que ela está lá prontinha, já embalada, na gôndola do supermercado.

Na contramão desse desconhecimento, a fotógrafa Zaida Siqueira traz a exposição "Ingredientes do Brasil", em cartaz no Memorial da América Latina (dentro da Galeria Marta Traba) até o dia 19/7. A entrada é gratuita.

Levi Fanan/Divulgação
Sementes de urucum; foto da exposição Ingredientes do Brasil
Sementes de urucum; foto da exposição Ingredientes do Brasil

Em 120 fotos, capturadas em diferentes regiões do Brasil, ela retrata as rudimentares casas de farinha, o sertanejo que descasca o pequi, a coleta da castanha-do-Pará, o boia-fria na plantação de cana, o molde da rapadura —ou seja, etapas da produção artesanal de farinhas, óleos, condimentos, açúcar, chocolate e outros ingredientes.

Plantas nativas brasileiras, como beldroega, bredo, taioba, dente-de-leão, serralha e vinagreira —que têm serventia culinária— também são retratadas na coletânea de imagens.

Mas se foto não tem textura, gosto e tampouco cheiro, é possível matar a curiosidade nos cestos e gamelas distribuídos pelo espaço, onde ficam disponíveis montes de polvilho, de puba (farinha de mandioca fermentada) e de amido de milho (aquele da Maizena). O convite é para enfiar a mão nos potes, sem pudor, e experimentar.

Também dá para provar açúcar moreno, o mascavo, feito com mel de engenho, e sementes de cacau torrado, além do amargo "chocolate 100% cacau" —são barras assim que chegam às fábricas, ainda sem açúcar, leite nem manteiga.

Utensílios como o tipiti, criado por indígenas para espremer a mandioca, apiários (onde se criam as abelhas, ali vazios) e pilões complementam a mostra.

Memorial da América Latina - Galeria Marta Traba. Av. Auro Soares de Moura Andrade, 664, portões 1, 2 e 5, Barra Funda, região oeste, tel. 3823-4644. Ter. a dom.: 9h às 18h. Livre. GRÁTIS

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