'Olho o hóspede de cima a baixo para conhecê-lo', diz concierge

O concierge Sérgio Bezerra, 58
O concierge Sérgio Bezerra, 58

Ele podia estar advogando, ele podia estar ensinando Shakespeare. Mas Sérgio Bezerra, 58, só pensa em servir seus hóspedes. Formado em direito na USP e em literatura inglesa na Inglaterra, ele percorreu um longo caminho até descobrir sua vocação de anfitrião, aos 40 anos, e se tornar o primeiro da cidade a ser certificado pela Les Clef D'Or (as chaves de ouro, em francês), em 2001. "A sociedade secreta das chaves cruzadas", brinca, com sua voz suave e sempre bem calibrada, exibindo duas chaves douradas na lapela.

Conseguir reservas em restaurantes concorridos em cima da hora e tirar da cartola uma entrevista no consulado americano para o casal que perdeu o passaporte às vésperas do voo internacional são desafios que fazem parte do cotidiano dele. "Tenho sorte também."

Sensibilidade é outro requisito. "Olho o hóspede de cima a baixo e tento perceber quem ele é." Sérgio conta quando o filho de um banqueiro inglês fez reservas de última hora, preocupando a equipe. Pediu uma mesa no Fasano.

"Mas aí o menino chegou... Ele e a namorada, tão simples! Mandei os dois para a Vila Madalena", lembra Sérgio. "Entraram numa roda de samba, disseram que compraram um hambúrguer para um cachorro e pagaram uma rodada de pinga para todo mundo. O concierge tem que saber se despir do ego."

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