James Gralton foi o único homem já deportado da Irlanda. No inédito banimento, que ocorreu na década de 1930, ele não teve direito a julgamento e foi acusado de ser um alien —é sério.
Apesar de intrigante, não é essa história sobre Gralton que rege o longa "Jimmy's Hall", do premiado diretor Ken Loach ("Ventos da Liberdade"), indicado à Palma de Ouro do Festival de Cannes em 2014 pelo filme. A produção é focada nas consequências advindas do salão de dança que o irlandês, junto com outros moradores da região rural do Condado de Leitrim, construíram.
O espaço, que servia como salão de baile e oferecia aulas de canto, dança, boxe, artes plásticas e literatura, representava uma ameaça para a soberania da Igreja Católica, que detinha o poder sobre inúmeros assuntos, entre eles a educação do povo local.
Comunista, Gralton passou dez anos exilado nos Estados Unidos, na década de 1920, após conseguir fugir de um mandado que pedia sua prisão por causa do mesmo salão de dança, chamado Pearse-Connolly Hall.
Uma década após a fuga, ele consegue retornar a Leitrim para cuidar da mãe e tenta levar uma vida tranquila, trabalhando com o cultivo da terra. A tentativa se revela inútil, porém, após os jovens da região, desocupados graças à crise econômica e sedentos por cultura, pedirem para ele reabrir o espaço, que ficara em ruínas após sua partida.
Ao ceder, Jimmy volta a ser o protagonista de uma briga incitada pelo padre Sheridan (Jim Norton), para quem o jazz —ritmo que conduz muitas noites naquele salão— é a música do diabo.
As ingênuas diversão e intelectualização dos moradores do Condado são profundamente temidas tanto por policiais quanto por religiosos, pois debilitam sua influência e poder. A única maneira encontrada por essas autoridades para calar Gralton e a comunidade é apelar à opressão.
O filme foi cotado como "bom" pelo crítico da "Ilustrada". Leia a crítica aqui.
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