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Queridinha dos paulistanos, Rio é a cidade mais procurada para se viajar

O Rio de Janeiro foi eleito o melhor Estado brasileiro de destino turístico por 17% dos ouvidos pelo Datafolha na pesquisa sobre os melhores destinos e serviços de viagem. 32% dos entrevistados também escolheram a capital fluminense como melhor cidade turística nacional, e 30% como melhor destino de réveillon. Veja aqui quais foram os critérios avaliados.

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Era criança quando ouvi uma daquelas frases que assumem, mesmo sem maior importância, dimensão de verdade absoluta —e inesquecível— quando pronunciada por seu pai: "O Estado do Rio é o mais bonito do Brasil".

Bem, nós morávamos ali e eu não tinha nenhum motivo para duvidar disso. Passava férias em lugares encantadores como as praias de Cabo Frio, Arraial do Cabo ou Búzios, visitávamos as cidades serranas, tomávamos banhos de cachoeira e tudo era mesmo muito bonito.

Depois, conhecendo melhor o Brasil, descobri que há muitas belezas por aqui (e ainda há) —como resumiu Silas de Oliveira em "Aquarela Brasileira", nosso melhor roteiro turístico em forma de samba.

Mas o Estado do Rio continuou a me seduzir. O que dizer dos recantos paradisíacos de Angra dos Reis? Ilha Grande? Paraty? E que saudade de Itaipava, Petrópolis, Friburgo, Muri, as salinas de Araruama, a Praia do Forno, o Pontal do Atalaia.

Nada espanta que o Estado do Rio de Janeiro seja o destino turístico preferido mais citado pelos paulistanos, perto da Bahia e do Ceará.

Não vamos nos perder em polêmicas: as atrações fluminenses estão mais próximas de São Paulo. E entre elas reluz a cidade que não apenas os paulistas, mas a maioria dos brasileiros há de considerar a mais atraente do país -sua síntese urbana tropical, paraíso, inferno e purgatório da beleza e do caos.

Não é apenas a paisagem que interessa no Rio. São também as festas. O Carnaval, a mais famosa delas, já havia sido celebrada pelos modernistas de São Paulo em sua potência cultural, transgressora e simbólica: "O Carnaval carioca é a religião da raça", dizia o "Manifesto Pau-Brasil", que Oswald de Andrade lançou em 1924 —num jornal carioca, diga-se, o "Correio da Manhã".

Mas a festa predileta do turista de São Paulo é outra, também de impressionar. O Réveillon, que menos do que a virada do calendário é o culto à Iemanjá.

"Nunca cansei de admirar o poderio fantástico dos negros do Rio de Janeiro que reinventaram Iemanjá", dizia Darcy Ribeiro. E admirava-se com o fato de que eles conseguiram arrastá-la "para a passagem do ano, desalojando essa bobagem nórdica do Papai Noel".

Ok, Papai Noel continua faturando por ali e a indústria do turismo cresceu. O Carnaval ganhou sambódromo e o Réveillon tornou-se sinônimo de fogos em Copacabana. Morei no Posto 6 por muitos anos e íamos sempre à praia depois da meia-noite, ofertar flores à rainha do mar.

Em finais da década de 1960, lembro-me que as avenidas ficavam engarrafadas e a praia, cheia. Mas era outra escala. Hoje, sempre me espanto com a multidão e a relativa paz que cerca a celebração. Ver de perto aquele espetáculo de luzes é uma alegria só superada, mais tarde, pelos tons de fúcsia da majestosa aurora da Guanabara.

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