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Ouro Preto é eleito o melhor destino histórico em pesquisa com paulistanos

A cidade mineira foi citada como melhor destino histórico por 16% dos ouvidos pelo Datafolha na pesquisa sobre os melhores destinos e serviços de viagem. Veja aqui quais foram os critérios avaliados.

A melhor maneira de conhecer uma cidade é perder-se nela. Embora tenha estado em Ouro Preto inúmeras vezes, sempre me surpreendo com a beleza de seus telhados vermelhos, com a cerração que baixa repentina do Pico do Itacolomi, com o dobre melancólico dos sinos das igrejas, com as vozes encapuçadas que vencem as íngremes ladeiras de paralelepípedos, com os espectros que atravessam os séculos e nos cumprimentam da janela dos casarões coloniais. A aventureira Vila Rica do século 18 tornou-se a Ouro Preto de hoje, o maior conjunto arquitetônico barroco do mundo.

No entanto, não fosse a decadência, talvez Ouro Preto, tal qual a conhecemos, não existisse. Fundada no ocaso do século 17, em função da descoberta de pepitas de ouro envoltas em óxido de ferro (daí o nome, ouro preto), a cidade chegou a concentrar 40 mil almas, até que, esgotada a fonte de sua riqueza, ainda no século 18 o lugarejo entraria em declínio, arrastando-se em agonia por todo o século seguinte.

Assim Mário de Andrade a conheceu, abandonada, em ruínas, em 1919. Ele ficaria tão impressionado que, cinco anos depois, lideraria um grupo de intelectuais em visita às cidades barrocas mineiras.

Desta revelação nasceu o fascínio dos modernistas pelo período colonial brasileiro, que redundaria em 1937 na criação do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN). Um dos primeiros atos do organismo foi declarar, em 1938, Ouro Preto patrimônio nacional —passo essencial para sua preservação.

Hoje podemos perambular, os olhos grávidos de beleza, pelas mesmas ruas por onde caminharam os malogrados inconfidentes, grupo visionário que, inspirado pelos ideais iluministas, planejou a independência e proclamação da República do Brasil, caso único na história de revolução liderada por poetas.

Se desejarmos, podemos conhecer as casas de alguns deles —a minha preferida é a do magistrado Tomás Antonio Gonzaga, autor dos poemas de "Marília de Dirceu". Os objetos de uso da época encontram-se no Museu da Inconfidência. Entre as inúmeras igrejas, é de Aleijadinho uma das mais belas, a de São Francisco de Assis. Em Ouro Preto, a singularidade do labor humano se integra à perfeição com a grandiosidade da paisagem natural.

Nós, os brasileiros, em geral temos uma complicada relação com o passado —talvez porque perpetuemos a sensação de estrangeiros em nossa própria terra— e por isso lidamos mal com o presente. Ansiamos uma constante contemporaneidade —mas confundimos contemporâneo com atual, quando significa aquilo que transcende para permanecer. A Vila Rica de ontem derrama-se sobre a Ouro Preto de agora. Perambular por suas ruas é descobrir nossa própria identidade no tempo.

Luiz Ruffato, 54, é escritor, autor, entre outros, de "Eles Eram Muitos Cavalos" (Cia. das Letras, 136 págs., R$ 27).

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*Valor por pessoa. Não inclui taxas e tarifas.

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