Casa&Decoração

Eduardo Longo queria reproduzir arquitetura de sua 'casa-bola' em série

Quando, no final da década de 1970, o arquiteto Eduardo Longo, 73, começou a montar a estrutura esférica em cima da casa onde vivia, boatos passaram a circular pelo bairro. "Achavam que eu era médico e estava construindo uma antena para me comunicar com minha mulher morta", diz Longo, sentado na sala branca, de paredes arredondadas, que remete a um cenário de Stanley Kubrick.

Agora, mais de três décadas depois, a casa-bola continua a causar espanto e admiração. Algo que, no fundo, tem a ver com a ideia original de Longo. "A função dessa casa, a princípio, era funcionar como uma experiência arquitetônica, que mais tarde pudesse se popularizar e ser vendida em escala", explica o arquiteto. O formato esférico, de acordo com Longo, reúne o máximo de racionalidade e de leveza.

"Meu sonho era fazer prédios em que cada apartamento seria uma esfera, feita na fábrica e plugada na estrutura. Teríamos grandes edifícios, altos e longos, e o grande diferencial seria o espaço vazio entre as unidades. Cada apartamento seria absolutamente independente da outra unidade, a ponto de você poder tirar um e colocar outro." A esfera, encravada na rua Amauri, no Itaim (zona oeste), tem oito metros de diâmetro e cem metros quadrados, bem menor do que o projeto original, que propunha dez metros de diâmetro.

Como a ideia era que a primeira casa servisse como uma maquete para mais tarde ser produzida industrialmente, Longo projetou praticamente tudo o que existe lá dentro: vasos sanitários, pias, o fogão e a geladeira –cujo motor fica na lavanderia, para que o calor ajude a secar as roupas.

Apesar de a casa ter sido construída para um experimento e não para moradia, Longo resolveu se mudar para lá no início da década de 1980. "Acabou sendo uma coisa interessante, que me forçou mais ainda ao conceito de menor consumo, de ordem de não ter coisas, de não colecionar."

A ideia de replicar a casa-bola industrialmente não vingou.

"Funciona perfeitamente, mas acho que não chegou o momento ainda", afirma Longo. As experiências, contudo, seguem a todo vapor.

Ao lado da casa-bola, o arquiteto construiu um telhado verde e um espelho d'água, tudo feito sobre estruturas de tela metálica. A ideia é incentivar os restaurantes do quarteirão a fazerem o mesmo, numa espécie de bulevar suspenso interligado, que depois poderia se espalhar para outros bairros da cidade. Quem sabe...

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