Punks fazem campanha para salvar cadela com doença degenerativa

Todas as manhãs, a vira-lata Diamanda, 10, acorda, caminha até a praia, se exercita na beira do mar por cerca de 30 minutos e volta para a casa acompanhada de seus donos, Josimas Ramos, 43, e Andreza Eoitena, 37.

A rotina regrada veio com o diagnóstico de uma doença crônica chamada "mielopatia degenerativa", distúrbio neurológico que atinge a medula dos cães e provoca, inicialmente, a paralisação dos membros posteriores. A progressão da enfermidade pode chegar a órgãos vitais e levar o animal à morte.

"A doença começou nas patas e já está no quadril. Se não conseguirmos estacionar, pode chegar ao diafragma e aí ela não respira mais", diz Josimas, que é músico e ex-guitarrista da banda Execradores, ícone do movimento anarcopunk paulistano.

O casal, que hoje vive em Itanhaém, desembolsa em torno de R$ 1.200 mensais para cuidar de Diamanda -batizada em homenagem à cantora norte-americana Diamanda Galás. Nas despesas, estão inclusas sessões de acupuntura, massagens, homeopatia e gastos com 21 complexos vitamínicos prescritos por uma veterinária holística. Todas as medidas conseguem apenas retardar o avanço da mielopatia.

Por isso, há pouco mais de um mês, ele e Andreza tiveram a ideia de iniciar uma campanha de financiamento coletivo com a intenção de levantar fundos para bancar um tratamento experimental com células-tronco, que custa R$ 13 mil. Até agora, a 24 dias do fim do prazo, conseguiram levantar 56% do valor total.

Os dois foram ainda mais longe e criaram o próprio site no qual a iniciativa está hospedada, a Amor Animal, plataforma de crowdfunding voltada especificamente para causas animais.

"Quando começamos a lidar com a realidade de tantos animais e veterinários, vimos de perto a rotina de pessoas que lutam por isso. O que precisam é de apoio financeiro, porque todo o resto elas já têm", diz. "Então queríamos pensar numa plataforma que pudesse abranger a realidade de outros bichos, cuidadores e pessoas voltadas para a causa animal."

Eles também alimentam o tumblr "A Dog and Her Bike" com fotos do dia-a-dia de Diamanda, que se locomove com a ajuda de duas rodinhas acopladas em seu quadril -sua "bike" particular.

"Nós andamos muito de bicicleta, gostamos de toda essa questão de estar no trânsito de uma forma não tão agressiva quanto o carro. E por isso achamos mais carinhoso chamar o carrinho de 'bike', em vez de cadeira de rodas."

APOIO PUNK

Hoje, Josimas e Andreza são integrantes da banda punk Tuna -ela nos vocais e ele no baixo-, mas a atuação dentro do movimento existe desde os anos 1990. Vem daí a maior fatia do apoio à campanha para salvar Diamanda, que se tornou conhecida entre os antigos frequentadores do Espaço Impróprio, reduto anarcopunk vegano da rua Augusta.

"Está sendo uma satisfação própria mesmo [contribuir] porque o trabalho da ajuda mútua é o mais efetivo para as pessoas se sensibilizarem pela história dela e pelo que estamos fazendo como movimento", diz Jones Pereira, 30, um dos apoiadores.

No dia 27/9, ele organiza um encontro sobre ciclismo na Praça Matriz, em São Bernardo do Campo, para angariar fundos para a causa, com sorteios de zines e camisetas de bandas da região.

"A maior parte do apoio que recebemos tem sido por conta da nossa história dentro do punk e do veganismo. O pessoal tem sido bastante solidário e compartilha o tempo todo", afirma Josimas.

Conheça a história da vira-lata Diamanda

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