Filme retrata últimos momentos de Pasolini; veja biografia do cineasta

O italiano Pier Paolo Pasolini (1922-1975) marcou o cinema com filmes belos, porém chocantes. "Escandalizar é um direito; sentir-se escandalizado é um prazer", costumava dizer.

"Pasolini", que resgata parte da história do cineasta e estreia nesta semana, tem as mesmas características.

Dirigido por Abel Ferrara (de "Vício Frenético", de 1992), o longa retrata as últimas 24 horas de vida de Pasolini, interpretado por Willem Dafoe.

Em seu último dia de vida, o diretor convive com a mãe e com amigos próximos enquanto trabalha em "Saló ou 120 Dias de Sodoma", seu último filme, e tem ideias para novas obras.

Essas histórias se intercalam com sua rotina. Uma delas é a de Epifanio, que começa a descobrir significados sobre a vida e a morte. Curiosamente, ele é interpretado por Ninetto Davoli, que atuou em filmes de Pasolini, como "Pocilga" (1969) e "Decameron" (1971).

Embora seja bonito, o filme não traz muitas informações sobre o passado de Pasolini —foca mesmo seu último dia. Para se situar em sua biografia, veja a linha do tempo abaixo. E, se quiser assistir a um clássico do diretor, "Mamma Roma" volta às telonas com cópias restauradas no Espaço Itaú de Cinema - Augusta.

Veja salas e horários

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VIDA POLÊMICA

1945
Perde o irmão caçula, Guido, morto na resistência italiana que lutava contra o fascismo no país. Ele, então, se engaja na causa comunista

1949
Pasolini é expulso do Partido Comunista Italiano por ser homossexual

1957
Já escritor, entra no cinema como roteirista em "Noites de Cabíria", de Federico Fellini. Depois, colabora em "A Doce Vida" (1960)

1961
Lança "Accattone - Desajuste Social", seu primeiro longa-metragem, no Festival de Veneza. Muito aplaudido, o filme o consagrou

1962
Estreia "Mamma Roma", clássico do cineasta, protagonizado por Anna Magnani (1908-1973), estrela de Luchino Visconti e Roberto Rossellini

1963
O média-metragem "La Ricotta", estrelado por Orson Welles (1915-1985), causa polêmica ao atacar a Igreja Católica e rende um mandado de prisão a Pasolini. A sentença é revogada

1967
Começa a gravar uma sequência de filmes baseados em tragédias gregas: "Édipo Rei" (1967), "Medeia" (1969) -protagonizado pela cantora lírica Maria Callas- e o documentário "Notas para uma Oréstia Africana" (1970)

1968
Lança "Teorema", filme que melhor sintetiza seu cinema por fazer uma crítica assídua à burguesia da época. "Pocilga" (1969), seu trabalho seguinte, também partiria dessa premissa

1971
Começa a fazer a "Trilogia da Vida", na qual adaptou clássicos da literatura: "Decameron" (1971), "Os Contos de Canterbury" (1972) e "As Mil e Uma Noites" (1974). Todos giram em torno das pulsões sexuais de seus personagens

1975
Pasolini entra em crise provocada pela desilusão política. Ele acredita que uma nova era das trevas se aproxima, com o possível ressurgimento do fascismo. Começa a trabalhar em "Saló ou 120 Dias de Sodoma", cujas cenas violentas fazem com que o filme seja proibido em vários países, inclusive no Brasil

2 DE NOVEMBRO DE 1975
É encontrado morto. A versão oficial afirma que o cineasta foi assassinado por um garoto de programa, mas o documentário "Pasolini - Um Delito Italiano" (1995), de Marco Tullio Giordana, defende que a morte foi encomendada por partidos direitistas

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VEJA O TRAILER DE "PASOLINI"

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