'Agora pareço mais velho que o cara do filme', diz Marco Ricca sobre 'Chatô'

Era 1995 quando Guilherme Fontes, galã da TV Globo, decidiu levar o livro "Chatô - O Rei do Brasil", de Fernando Morais, para o cinema. Após 20 anos e R$ 8,6 milhões, captados de dinheiro público, o filme finalmente estreou nesta semana —mas não sem antes render processos a Fontes, acusado de desviar a verba pública (com o lançamento, eles foram arquivados).

O longa resgata a trajetória de Assis Chateaubriand (1892-1968), magnata da comunicação no Brasil.

Na trama, Chatô (Marco Ricca) está desacordado em um hospital, por causa da trombose que o assolava há anos, e tem o delírio de que está em um programa de televisão. Lá existe um tribunal, com pessoas que passaram por sua vida e que julgam as suas ações do passado.

"A ideia de fazer esse tribunal lúdico foi de Matthew Robbins, indicado por Francis Ford Coppola para lapidar o roteiro", conta Guilherme Fontes, que assina direção e produção.

Em meio a figurinos e a cenários grandiosos, assistimos às artimanhas de Chatô. Tratava mal suas mulheres (Leticia Sabatella e Leandra Leal), chegou a chantagear Getúlio Vargas (Paulo Betti) e difamava marcas para que elas tivessem prejuízo e precisassem anunciar nos seus jornais.

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PAPO DE... ATOR

A sãopaulo conversou com Marco Ricca, que interpreta o protagonista do longa, na pré-estreia no Shopping Eldorado (zona oeste de São Paulo).

sãopaulo - Como é se ver mais jovem em um lançamento?
Marco Ricca - É engraçado, porque no filme eu faço o Chateaubriand dos 17 aos 67 anos. Agora parece que estou mais velho que o cara do filme. Mas é porque a maquiagem chegava até ali. O maquiador, que era um mexicano, disse que ele não podia me envelhecer mais, porque era o que dava para fazer na época —se não, ficaria falso. É engraçado porque pareço mais velho pessoalmente do que no filme, mas faz parte. O cinema tem essa coisa louca. Os filmes ficam passando na televisão um tempão, eu sempre me vejo novo, velho, fazendo uma péssima atuação...

Demorava muito tempo para fazer a maquiagem?
Às vezes, eu chegava às 4h30 no estúdio para começar a rodar umas 8h. Então, demorava umas três horas e meia. Tinha também uma prótese dentária e um aplique para a frente do cabelo, porque eu tinha cabelo enrolado na época. Foi uma peruqueira mexicana que fez.

Se você tivesse interpretado o Chatô hoje, teria feito diferente?
Com certeza, não tenha dúvida. Penso isso em qualquer filme que eu vejo depois de muito tempo. Hoje sou outra pessoa, outro ator. Vejo o mundo de outra forma. Não tem jeito, tudo isso influenciaria na minha atuação atualmente.

Como você preparou o personagem? Baseou-se no livro de Fernando Morais?
Me baseei mesmo no roteiro. Li o livro, mas não me apeguei muito. Em nenhum momento tive a intenção de imitar o Chateaubriand, de tentar ser parecido com ele. E a narrativa do filme é alegórica, então entrei nessa viagem.

VEJA O TRAILER DE "CHATÔ - O REI DO BRASIL"

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