Masp tem filas de até três horas nos últimos dias do ano

São Paulo nem parece a mesma cidade nos últimos dias do ano: restaurantes com esperas míticas, como o Mocotó, na zona norte, e o Spot, na região da Paulista, tinham mesas disponíveis quase que instantaneamente no fim de semana. Mas um congestionamento recorde foi exceção à tranquilidade paulistana.

O Masp, Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, na avenida Paulista, presenciou na terça (29) uma das maiores filas da sua história. Às 13h, havia mais de 200 pessoas perfiladas no vão livre do prédio projetado por Lina Bo Bardi. Funcionários do museu avisavam aos visitantes que a esperaria poderia chegar a três horas.

"Já estou aqui, em pé, faz duas horas. Não vou desistir, quero muito conhecer", disse o estudante Lucas Pili, 25, que ainda estava a 30 pessoas de chegar na bilheteria. Após a retirada do ingresso, que é gratuito na terça e custa R$ 25 nos demais dias da semana, o admirador de arte ainda teria de pegar uma segunda fileira de pessoas. As escadas que levavam ao segundo andar, onde ficam à mostra algumas das 8.000 obras do acervo permanente, estavam coalhadas de gente. Só era permitida a entrada de um novo visitante quando outro saía.

Chico Felitti/Folhapress
Fila no MASP na última terça-feira do ano
Fila no Masp na última terça-feira do ano

"Eu vim ver os novos velhos cavaletes da Lina. Mas não estava pronto para tanta fila, não. Volto em 2016", disse o arquiteto paulistano Rafael Nazaro, 27, desistindo da empreitada após ver a espera. Os cavaletes a que ele se referia são estruturas de vidro e concreto boladas pela arquiteta que projetou o prédio, e que voltaram a sustentar as obras do segundo andar no começo de dezembro, após duas décadas fora de circulação. "Não acho que esse pessoal esteja todo aqui por causa disso. Deve ser gente de fora querendo conhecer o museu", disse Nazaro.

Os salões onde fica o acervo da instituição era o alvo da sanha dos turistas. Teria mais tranquilidade quem descesse para o segundo subsolo, onde funciona o restaurante do museu e está instalada a exposição com vestidos da Rhodia, tecelagem que na década de 1960 comissionou artistas como Tomie Ohtake para estampar seus tecidos.

Funcionários com anos de museu comentavam nunca ter visto uma aglomeração deste tamanho. "Na terça é sempre mais cheio, porque é grátis, mas formar um caracol de gente aqui no vão eu nunca tinha visto", disse um segurança que preferiu não se identificar porque dizia ser desautorizado a dar informações.

Já na quarta, 30, a fila às 10h30 existia, mas não passava de meia hora. "Viemos ontem, demos com a cara na porta, porque o museu fechou quando a gente já tinha ficado uma hora na fila, então voltamos hoje", diz Sheila Costa, 34, que veio de Manaus ávida por ver arte europeia. "É hoje que vou ver o Picasso!", bradou antes de desembolsar os R$ 25 e entrar.

Publicidade
Publicidade