São Paulo tem três casos confirmados de zika, todos importados, já que não houve transmissão na cidade. Mesmo assim, o medo de ser infectado pelo vírus, transmitido pelo Aedes aegypti, faz paulistanos alterarem planos, esgotarem repelentes e se abastecerem de complexo B e de citronela.
Segundo meteorologistas, os próximos meses serão mais quentes e chuvosos, condições ideais para a proliferação do mosquito.
Leia as perguntas abaixo para saber mais sobre o assunto e ficar atento neste verão.
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Tomar complexo B espanta o mosquito e evita picadas?
Não há consenso sobre a medida. Alguns médicos a recomendam, mas estudos que comparam o uso da vitamina com o de repelentes mostram que ela é ineficaz na prevenção de picadas.
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Macho e fêmea picam e transmitem doenças?
Só a fêmea. Ela precisa do sangue para nutrir os ovos após a cópula. Dessa forma, apenas as fêmeas estão relacionadas à transmissão.
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O mosquito prefere picar em algum período do dia?
O Aedes aegypti é mais ativo durante o dia e as precauções devem ser mais intensas no período diurno.
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Ele pode voar até que altura?
Geralmente entre 0,5 e 1,5 metro de altura, mas pode chegar até 18 m (o equivalente a seis andares).
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Quanto tempo a fêmea vive e quantos ovos ela bota?
A vida adulta da fêmea dura 50 dias, período no qual pode botar até 1.500 ovos.
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O mosquito prefere alguma parte do corpo?
O mosquito pica áreas descobertas e desprotegidas da pele, independentemente da parte do corpo.
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O Aedes aegypti se reproduz em água suja?
Sim. Mas ele prefere água com pouca matéria orgânica, pois isso afeta o pH, dificultando a eclosão dos ovos. No entanto, os ovos podem resistir meses em locais secos e eclodirem após terem contato com água limpa.
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Que odores e tipos sanguíneos atraem mais o Aedes?
Ele é atraído por vários odores do organismo. Alguns perfumes podem ser atrativos, e substâncias liberadas pela pele como ácido lático e ácido úrico estão relacionadas à forma como o mosquito nos localiza. Não há evidência sobre a relação com tipos sanguíneos.
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O repelente deve ser reaplicado com que frequência?
Cada repelente tem características distintas. O importante é seguir as orientações dos fabricantes. DEET (OFF!) e icaridina (Exposis) comprovadamente têm efeito mais prolongado.
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Produtos com citronela ajudam a afastar o mosquito?
Alguns produtos que emitem fumaça podem ajudar a afastar mosquitos do ambiente. Mas a melhor maneira é deixá-los fechados e borrifar inseticidas.
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Ventilador ou ar-condicionado ligados ajudam a espantar o mosquito?
Sim, a circulação de ar prejudica o voo dos mosquitos, mas não deve ser essa uma ação isolada de prevenção.
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Algumas pessoas usam borra de café para matar os ovos. Isso funciona?
Não há dados definitivos sobre isso.
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Comer alho ajuda a afastar o mosquito?
Ele não protege contra picadas.
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O zika surgiu no Brasil?
Não. Foi identificado pela primeira vez em 1947, na África.
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Já foram registrados casos de zika na capital paulista?
Ainda não há registros de casos autóctones [adquiridos na cidade].
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Como sei se estou infectado?
Febre, mal-estar, indisposição, dores nos músculos, vermelhidão na pele e nos olhos. Um teste clínico pode confirmar a doença.
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Há tratamento para zika?
Não. Mas os sintomas em pessoas sem fatores de risco (grávidas) devem passar dentro de três ou quatro dias.
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Só grávidas são infectadas?
Não. Qualquer pessoa.
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Que doenças estão associadas ao vírus zika?
Microcefalia em bebês e síndrome de Guillain-Barré, que gera fraqueza muscular e paralisia.
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Além da picada do Aedes aegypti, como posso ser infectado pelo vírus?
Há casos registrados de transmissão do zika por transfusão de sangue em Campinas e por relação sexual no exterior.
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Posso ser infectado com o vírus mais de uma vez?
A princípio, não.
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Quais são os efeitos causados pelo zika vírus em bebês de colo e crianças?
Ainda não há estudos a esse respeito.
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O repelente pode afetar a saúde do feto?
Em tese, grávidas podem usar qualquer um dos tipos de repelente (com DEET, IR3535 ou icaridina como princípios ativos), mas é aconselhável procurar orientação do seu médico.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
Fontes: Secretaria Municipal da Saúde, Celso Granato, chefe do laboratório de virologia clínica
da Unifesp, Jessé Reis Alves, coordenador do Ambulatório de Medicina do Viajante do Emílio Ribas
e Marcos Vinicus da Silva, professor da faculdade de medicina da PUC-SP