'O cinema está mudando', diz Julianne Moore sobre a temática gay

Em seu novo trabalho, "Amor por Direito", que estreia no Brasil no dia 21/4, Julianne Moore —vencedora do Oscar 2015 de melhor atriz— (re)vive a história real da tenente Laurel Hester, já retratada no curta-metragem documental "Freeheld" (2007), de Cynthia Wade, que levou o Oscar.

Em 2002, Laurel descobriu que tinha câncer no pulmão que chegaria ao estágio terminal. Ela, então, começa a brigar na Justiça para que a namorada Stacie (Ellen Page) pudesse ficar com a pensão depois de sua morte -direito básico para a família de qualquer policial local.

O problema é que, naquela época, os homossexuais ainda tinham poucos direitos perante a sociedade. O tribunal se recusava a aceitar que um relacionamento estável e homoafetivo pudesse ser classificado como família.

Dirigido por Peter Sollett, o filme conta com Steve Carell no elenco. Ele interpreta o ativista Steven Goldstein, que oferece ajuda a Laurel e Stacie —seu papel, na verdade, é chamar a atenção da mídia para o julgamento.

Moore conversou com a sãopaulo, por telefone, sobre o longa. Leia a entrevista a seguir.

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REPETECO DE TEMAS

Para Sempre Alice
Antes de fazer Laurel, Moore já viveu uma mulher doente e uma homossexual. Em "Para Sempre Alice", ela é uma professora diagnosticada com mal de Alzheimer.

Minhas Mães e Meu Pai
Ao lado de Annette Bening, Moore dá vida a Jules, que tem um casamento feliz com a mulher Nic. Os filhos, porém, começam a perguntar a elas sobre o pai biológico.

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PAPO DE... ATRIZ

Julianne Moore, 55, fala de sua personagem e da temática gay em Hollywood

sãopaulo - O que mais te atraiu nesse papel?
É uma incrível história de amor e fala sobre algo que todos querem: justiça.

Em "Para Sempre Alice", você fez uma mulher com Alzheimer. Há semelhanças entre as personagens?
É curioso ter feito duas mulheres doentes em tão pouco tempo. Tento trazer algo universal para cada personagem. Ao mesmo tempo, cada caso é diferente.

Como você se preparou para interpretar a Laurel?
Conversei muito com a Stacie. Ela abriu a casa dela para mim, mostrou-me fotos, respondeu todas as perguntas que eu tinha. Ela foi muito importante. Também conversei com o irmão e a irmã da
Laurel. Assisti ao documentário e tive acesso a cenas e a materiais extras, que não estão no filme.

Como parte da indústria do cinema, você sente que, nos últimos anos, Hollywood está mais aberta para filmes com a temática gay?
Acho que sim. Nossa cultura está mudando, e isso se reflete no entretenimento. As pessoas querem saber mais sobre esse assunto agora, porque cada vez mais está na mídia. As pessoas estão mudando e o cinema também está.

Você já interpretou uma mulher gay em "Minhas Mães e Meu Pai", mas a Laurel é diferente, porque precisa lutar pelos direitos dela.
Sim, agora eu precisei entender essa luta. Foi muita sorte ter o documentário. Na verdade, foi mais fácil fazer a segunda parte do filme, quando Laurel está doente, porque está tudo lá. E acho muito interessante que, na época, ninguém acreditasse que elas iriam conseguir. Foi uma surpresa para todos.

Há poucos filmes que mostram essa luta pelo ponto de vista feminino.
Sim, acho até que esse é o primeiro. Há outras produções mostrando homens lutando por igualdade, mas é muito mais raro para mulheres.

É interessante que, em "Amor por Direito", sua personagem deixe claro que ela não é uma ativista gay...
Também acho isso muito interessante. A Laurel trabalhou a vida inteira na polícia e ela sempre lutou por justiça e por igualdade. Então, do ponto de vista dela, está apenas buscando a justiça. Não era uma questão de lutar pelos direitos gays ou a favor do casamento gay.

Em junho do ano passado, a Suprema Corte dos Estados Unidos aprovou o casamento gay em todo o país. Quando o filme foi gravado? Ele acabou sendo bem atual.
É verdade. Mas o projeto existe há oito anos. Nós começamos a filmar em 2014 e, é claro, já havia mudanças graduais ocorrendo. Mas foi uma grande coincidência. O "timing" foi certo, mas não fizemos isso de propósito.

Você costuma fazer um filme atrás do outro. Já tem um novo projeto?
Sim, tenho uma comédia a ser lançada que se chama "Maggie's Plan".

Já pensou em tentar carreira na direção?
Na verdade, nunca me passou pela cabeça. Vejo-me como atriz; sou assim.

VEJA O TRAILER DE "AMOR POR DIREITO"

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