Hospital do Tênis ressuscita calçados de quem não quer largar seus pisantes

Se você pagou R$ 1.000 por um tênis e depois de algum uso ele sujou, rasgou, descolou -enfim, avariou-, não chore: respire e encaminhe o paciente ao Hospital do Tênis.

Instalada em um sobrado estreito em Pinheiros desde 2000, a oficina de reparos de calçados (e malas de viagem) oferece da limpeza do tecido à vulcanização (processo de colagem da sola).

"A gente recebe muito pedido de serviço para esses tênis caros, tipo Mizuno Prophecy, Nike Shox, que tem gente que não quer jogar fora", diz Vinicius Pelin, 26, que acompanha o negócio desde os oito anos.

Dito e feito. Logo surgiu sua irmã, Priscila Pelin, 40, que trazia mais serviço: um Adidas Springblade. Dado o movimento, há até fila de espera. "Já estou pegando alguns avisando que só conseguiremos entregar daqui a duas semanas", afirma a responsável pelo atendimento.

Os dois são filhos de Frederico Magno Pelin, 67, que, depois de um tempo trabalhando com o irmão em uma loja da Sapataria do Futuro, adquiriu o Hospital do Tênis (que já levava esse nome). "Fui aprendendo, pegando serviço aqui, investindo ali", lembra o comerciante. Atualmente, a loja é tocada pelos dois filhos e tem mais cinco funcionários.

Como dona Manuela Honório, 72, responsável pela costura dos calçados. Mineira vivendo em São Paulo desde os "nove meses", ela deixa sua casa na Vila Galvão (Guarulhos) diariamente para se sentar à máquina Seiko -que a acompanha há 39 anos- e fazer o que fez a vida inteira: "É pespontadeira. Não vai botar que é costureira, senão vão achar que é de roupa", ressalta.

O serviço tem clientes cativos, como o dono de um tênis Prada do qual Frederico se lembra: "Ele sempre traz um tênis que deve custar uns R$ 3.000." Ele lava (R$ 30) e volta à pisada. Ostentada e recauchutada.

Hospital do Tênis. r. Fradique Coutinho, 264, tel. 3062-1679

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