No primeiro andar da galeria Jaqueline Martins, imagens de quatro personagens, que citam frases como "Arte é a mentira que revela a verdade", de Picasso, são projetadas dentro de um copo d'agua. Na seminal "Charades", obra produzida em 1976 por Bill Lundberg, o utensílio faz as vezes de tela.
O artista norte-americano, que também projetou o trabalho "Morphologies" (1984) em um conjunto de travesseiros, vem desde 1960 subvertendo os limites entre objetos e imagens em movimento -suas peças tornaram-se conhecidas como "filmes-escultura". "Eu as utilizo de uma maneira tal que a projeção em vídeo se transforme em uma experiência tridimensional", explica.
Pioneiro na videoarte, com obras no acervo de museus como o Guggenheim, em Nova York, Lundberg participou de uma das primeiras exposições internacionais de vídeo, a "Art/Video
Confrontation", que aconteceu no Museu de Arte Moderna de Paris, em 1974. Diz que começou em uma época que o "vídeo era uma mídia tão primitiva que se tornava difícil de trabalhar". "É inacreditável para mim como hoje é fácil produzir em digital", diz.
No Rio há quatro anos, impressionado com o calor e a generosidade dos brasileiros, Lundberg conta que os trabalhos que desenvolve atualmente giram em torno da empatia.
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Por que Bill Lundberg é referência?
A paulistana Regina Parra explica
1. Muitos trabalhos de arte usam a tecnologia apenas para mostrar a própria tecnologia. Bill Lundberg sempre a usou para expressar ideias e emoções, nunca como um fim em si mesma.
2. A maneira inovadora como utiliza a projeção em videoesculturas: em vez de uma tela convencional, a imagem ganha novos sentidos se projetada sobre uma mesa de pingue-pongue, por exemplo.
3. Seus paradoxos visuais: o homem que rema sem sair do lugar ou os convidados entrando e sumindo atrás da porta instalada no meio da sala enganam os olhos e questionam certezas.
4. A mistura de vídeo com instalação cria uma experiência imersiva. Em "Silent Dinner", o público deixa a observação passiva para sentar-se à mesa em que o vídeo do jantar é projetado.
Galeria Jaqueline Martins. R. Dr. Virgílio de Carvalho Pinto, 74, 1º e 2º andar, Pinheiros, região oeste, tel. 2628-1943. Seg. a sex.: 10h às 19h. Sáb.: 12h às 17h. Abertura: 17/2, 18h às 22h. Até 24/3. Livre. GRÁTIS