Noivas e Casamentos

Praias desertas e custos baixos levam noivos a se casarem em cruzeiros

Quando deixou a terra firme do porto de Santos para embarcar no transatlântico MSC Armonia, a noiva Anna Carolina Reis Maia, 25, achou por bem preparar os ânimos para eventuais contratempos.

Não bastasse toda a tensão inerente ao momento de subir ao altar, ela havia aberto mão de igrejas e bufês para se casar em um cruzeiro de três dias entre as cidades de Santos (SP) e Cabo Frio (RJ).

"Por mais que tivesse feito tudo com antecedência, não sabia se aquilo ia dar certo, porque nunca tinha participado de um cruzeiro."

A festança, ocorrida há cerca de quatro meses, contou com quase 50 convidados, sendo que, a exemplo de Anna Carolina, boa parte deles nunca tinha posto os pés em um transatlântico. Mesmo assim, o grupo topou participar da aventura, o que, segundo o casal, aliviou consideravelmente a conta dos noivos.

"A gente tinha muitas pessoas para convidar, sonhava com uma festa exorbitante, mas para isso teríamos que gastar muito. No cruzeiro, conseguimos convidar todo mundo e foi quem quis e pôde pagar. No fim, a sensação é de que só estava lá quem realmente gostava muito da gente."

Em tempos de nuvens negras, essa diferença de custos faz com que a ideia de trocar alianças em alto-mar atraia cada vez mais casais. Numa das maiores empresas do setor, a MSC, por exemplo, o número de casamentos a bordo subiu de 36, entre 2013 e 2014, para 45, entre 2015 e 2016 —crescimento de 25%.

Enquanto em uma festa tradicional, os gastos facilmente ultrapassam os R$ 100 mil, em um cruzeiro de três dias, no qual os convidados arcam cada um com a sua parte, os custos podem ficar entre R$ 2.000 e R$ 3.000, sem contar o valor pago pelo cruzeiro. "E ainda dá pra conjurar a viagem à reunião familiar e à uma lua de mel. Tudo isso em um só gasto", diz Orlando Palhares, gerente de Cruzeiros Marítimos da CVC.

Para Adrian Ursilli, diretor comercial e de marketing da MSC no Brasil, o que as pessoas buscam são os diferenciais: "O aspecto romântico de estar a bordo de um transatlântico de luxo, cercado de amigos".

O leque de opções é amplo. "Existe a possibilidade de casar com o navio ancorado, de ter o comandante como celebrante, de fazer os votos em uma praia privativa no Haiti ou até de se casar no Alasca", explica Fernanda Dominicis, gerente de marketing da Royal Caribbean.

Quatro meses após o "sim" diante do pôr do sol, Anna Carolina resume a experiência: "A gente tinha muito medo de o cruzeiro não atender às expectativas, de as pessoas passarem mal, mas no fim deu tudo certo". "

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CONVIDADOS
Cada um arca com os custos de sua viagem, assim os cruzeiros costumam ser uma opção mais em conta do que as festas tradicionais

E VAI ROLAR A FESTA...
Geralmente, ela ocorre num salão privativo do navio escolhido, reservado por tempo determinado

DE MENTIRINHA
As cerimônias em alto-mar costumam ser laicas e não têm valor legal. Podem ser celebradas pelo capitão ou por um oficial do navio

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