Mostra destaca trabalhos pouco conhecidos de Amilcar de Castro

O aço, o corte e a dobra são elementos fundamentais na obra de Amilcar de Castro (1920-2000). Mas o artista mineiro também explorou outras possibilidades em suas esculturas: trabalhou com materiais como a madeira, o granito e o vidro.

A lida com este último possibilitou a criação das chamadas "colunas de vidro", peças nas quais lâminas são encaixadas numa base de madeira. Partindo desta criação de Amilcar, Rodrigo de Castro, artista plástico e filho do escultor, começou a pensar na mostra "Amilcar de Castro - Transparências", que desde sexta (19) é exibida na Galeria Marília Razuk.

"Queria mostrar algo que raramente foi exposto", conta Castro, que assina a curadoria. "Quando ele muda o material, altera tudo: o aço pode ser dobrado e cortado, já o vidro não pode ser trabalhado da mesma forma. É um universo mais restrito."

Cerca de 20 obras compõem a seleção, que inclui desenhos (eles mostram parte do processo de criação do artista), maquetes, telas e esculturas em aço -uma delas, criada em 2000, nunca saíra do Instituto Amilcar de Castro.

Galeria Marília Razuk. R. Jerônimo da Veiga, 131B, Jardim Europa, tel. 3079-0853. Seg. a sex.: 10h30 às 19h. Sáb.: 12h às 17h. Dias 25 e 26: fechado. Até 30/4. Livre. GRÁTIS

Divulgação
Coluna de vidro de Amilcar de Castro é parte da mostra em cartaz na Galeria Marília Razuk
Coluna de vidro de Amilcar de Castro é parte da mostra em cartaz na Galeria Marília Razuk

Papo de... curador
O artista plástico Rodrigo de Castro, 62, fala sobre a curadoria da mostra

Por que obras como a coluna de vidro quase não foram expostas?
O Amilcar é mais conhecido pelo trabalho com o aço, pelas esculturas de corte e dobra. Elas sempre foram mais solicitadas em exposições.

O que os trabalhos desta mostra revelam sobre o artista?
Ao olhar para a coluna de vidro, você percebe que ele [Amilcar de Castro] trabalha com elementos diferentes, com transparências e profundidades reveladas e escondidas na medida em que se muda a direção do olhar. Esse jogo não aparece nas obras em aço. Nelas, a primeira coisa que vemos é a forma. As obras em vidro não permitem capturar a forma com o olhar, porque ele atravessa a peça. A percepção se dá num tempo mais lento.

E essas obras te agradam?
Sim, bastante, porque por mais diferente que seja a coluna de vidro das obras em aço, ela se insere no universo do artista. Ele consegue ter pensamentos diferentes com materiais diferentes e criar dentro de sua própria linguagem.

Para você, qual seria o essencial dessa linguagem?
A simplicidade na conquista do espaço.

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