Expansão de Nara Roesler se aproxima da estratégia de gigantes globais

Nos últimos anos, a galeria Nara Roesler se transformou num verdadeiro império do mercado da arte no país. Dobrou seu tamanho na avenida Europa, abriu uma filial no Rio e acaba de inaugurar outra em Nova York.

Essa expansão vertiginosa começou há quatro anos, quando o clã Roesler passou a representar Vik Muniz, o artista brasileiro campeão de vendas no mundo. Enquanto o mercado sofre com a recessão, a galeria não para de crescer, entrando para o time das gigantes do país.

Maior, no entanto, não quer dizer melhor. Sua receita para o sucesso financeiro está na mistura às vezes problemática de artistas que vendem muito e custam caro —Vik Muniz é sem dúvida o número um— e outros mais experimentais e difíceis de emplacar nas coleções -Virginia de Medeiros e Cao Guimarães, que trabalham com vídeo, são dois deles.

Enquanto a primeira ala, que não para de crescer, sustenta as operações, a segunda dá um verniz conceitual à galeria. Nara Roesler, aliás, não faz a linha de marchand que busca representar artistas com interesses e trabalhos afins. Encara sua atividade mais como negócio, embora venha bancando projetos ousados, como a residência artística Roesler Hotel, que convida autores a desenvolver obras em São Paulo.

Mas a estratégia adotada nesses anos de expansão desenfreada parece estar mais alinhada com uma visão empresarial. Os Roesler já haviam escalado vendedores mais agressivos no mercado internacional, que trouxeram clientes como os Marinho e o clã venezuelano Cisneros, e acabam de contratar -a peso de ouro- uma executiva do mercado financeiro para comandar os negócios da galeria.

Também convocaram uma das maiores assessorias de imprensa do mercado internacional e trouxeram jornalistas estrangeiros ao Brasil para conhecer seus espaços, rendendo perfis de Nara numa série de publicações.

Nessas operações mais extravagantes, a galeria parece seguir o modelo de gigantes do mercado global, como a americana Gagosian, com nove sedes em seis países, e a britânica White Cube, que opera em Londres e Hong Kong e mantém representantes em São Paulo, onde tinha uma filial. No jogo de ostentação do cenário global, a Nara Roesler flexiona os músculos.

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