Em SP, projeto colaborativo questiona nossa relação com a tecnologia

Nos próximos dias, talvez você encontre pelas ruas de São Paulo "esquisitices", como um relógio que não conta minutos –e sim curtidas– ou placas de "precisa-se de resumidor de conversas de grupo de Whatsapp".

São algumas das intervenções de um grupo de quatro ex-publicitários e publicitários (um baiano, um cearense, um santista e um paulistano, todos moradores de São Paulo) que, há uma semana, começou um projeto para questionar a nossa relação com a tecnologia.

A proposta é realizar uma intervenção por dia, durante um mês, em diferentes pontos da cidade –o grupo diz não ser organizado suficiente para ter um cronograma, mas eles costumam ficar por perto das intervenções, conversando com as pessoas e explicando as atividades.

"A ideia nasceu da frustração que sentíamos de não conseguir implementar projetos do nosso jeito no ambiente mais burocrático de escritório", diz o baiano Caio Andrade, 28, um dos organizadores.

Apesar de ter nascido com os quatro, Caio afirma que qualquer um pode participar da brincadeira. No site do 30dias30projetos, é possível encontrar um link para um documento on-line aberto a todos. Ali, qualquer um pode escrever uma ideia ou se voluntariar para ajudar.

"Às vezes, nós vamos dormir sem ideias para o dia seguinte e, ao acordar, vemos que alguém escreveu lá e deixou uma ideia sem nem colocar o nome", conta.

De um colaborador de Salvador, por exemplo, veio a sugestão de contar as visualizações de uma banda ou de um artista tocando na rua como se fossem as visualizações de um vídeo do YouTube.

INTERVENÇÕES

Até agora, eles já colocaram de pé oito intervenções, como os relógios "marcadores de curtidas", uma balança que media o peso das pessoas em megabytes e gigabytes, troféus por "méritos digitais" ("passar um dia sem celular merece mesmo um prêmio?", questiona Caio) e placas de trânsito com limites de dados.

Na estreia, no último dia 10, eles foram à Paulista oferecer "free likes" (curtidas grátis), com a dúvida: o que os "likes" representam para nós? Eles são como abraços?

"Fazendo o projeto, percebemos que é muito diferente do ambiente de escritório, onde você fica trancado tendo ideias sozinho. Na rua, as pessoas querem participar daquilo", diz Caio.

Para esta segunda-feira (18), eles criaram um molho de senhas, "porque hoje em dia são tantas que é mais difícil guardar senhas do que chaves", escreveram no documento on-line.

E mais ideias estão por vir, algumas mais ousadas –como um caminhão de frutas que tocará áudios de WhatsApp–, outras, mais simples – como colar adesivos em gavetas com a identidade do serviço e informando a quantidade de cm3 disponíveis, em referência ao Dropbox.

Mas Caio é enfático sobre ter mais gente colaborando e escrevendo suas ideias no Google Docs: "Claro, por favor! Ainda não temos o projeto de amanhã."

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