Novo bar em Pinheiros homenageia o negroni, amargo drinque clássico

"Os bitters são excelentes para o fígado, o gim faz mal a você. Eles se equilibram." A definição de negroni foi feita por Orson Welles (1915-1985) ao "Coshocton Tribune", na década 1940 –o drinque, relativamente novo, havia sido recentemente descoberto por ele, em temporada na Itália.

A combinação amarga e seca, levemente doce, que agradou o cineasta, é fruto de receita tão simples que pode servir para despertar o paladar ou fechar a noite quando qualquer passo a passo parece complicado demais.

Pois em Pinheiros, um bar vai dedicar suas prateleiras a gins, bitters e vermutes para versões e versões do drinque. O Negroni abre as portas oficialmente no dia 20 –funcionando em soft opening a partir de terça (10).

Mas a forte referência ao drinque é vista mais como homenagem do que como um ferrenho compromisso. "Não pretendemos fazer o melhor negroni da cidade. Não é uma casa de imposições. Vamos perguntar: como é o drinque que você gosta?", diz Paulo Souza (do restaurante Nou, no mesmo bairro), sócio da casa ao lado de Armando Amaré (do Zena Caffè) e Felipe Schermann.

O mixologista Marco De la Roche, consultor na casa, fez a seleção de rótulos e elaborou a carta. "Na Itália, este é um drinque do cotidiano, sem pretensões. Afinal, é uma receita de três partes iguais", diz De la Roche. "Aqui, vamos ser coerentes com o gelo, em formato e temperatura, para uma diluição correta, mas sem grandes blocos lapidados no balcão."

A vasta carta tem receitas como a da casa, que leva também amaro, licor aperitivo italiano com toque de especiarias e caramelo (R$ 27). "São variações que fazem sentido na história do drinque", diz o mixologista.

Do outro extremo do balcão saem pizzas individuais que em muito se assemelham às da celebrada Carlos Pizza, na Vila Madalena. Pois o dono daquelas receitas, Rodrigo Felício, também é consultor do Negroni.

A massa, fermentada por quase 30 horas, é coberta por molho de tomates assados e, por exemplo, por salame picante, erva-doce, queijo, conserva de cebola-roxa e pimenta-biquinho (R$ 30). "Usamos ingredientes aromáticos e cítricos, como a semente de cominho e a sálvia, já que a casa trabalha com vários tipos de gim", diz Felício. "A pizza funciona com o drinque, mas não foi algo focado em harmonização."

O salão, projetado pelo Sub Estúdio (Mandíbula e Tigre Cego), é composto por ferro, madeira, cimento queimado e tijolos aparentes. Para sentar, cadeiras, sofá e um balcão, com janela e vista para a rua –futuramente, os drinques podem sair por ali mesmo, em copos descartáveis.

Negroni
Onde R. Padre Carvalho, 30, Pinheiros, tel. (11) 2337-4855
Quando Ter. a qui. e dom.: 19h à 0h. Sex. e sáb.: 19h à 1h

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