O mais legal de "Nahid - Amor e Liberdade" é o fato de deflagrar aos olhos ocidentais um Irã contemporâneo, difícil de se imaginar tão pormenorizado. Por vezes, é até familiar.
Nele, Nahid (Sareh Bayet) é uma datilógrafa falida, que vive na iminência de ser despejada e não tem como pagar a escola cara em que mantém o seu filho de dez anos.
Divorciada, ela apaixona-se por um empresário, que a pede em casamento e propõe vida confortável.
Acontece que, pelas leis do país, se ela se casar de novo, perderá a guarda de seu menino, Amir Reza, para o pai dele, seu ex-marido. É essa condição que baliza a trama.
Perturbada pelo medo e pela opressão de uma sociedade fortemente machista, Nahid parece sempre mais confusa do que decidida.
Sem saber como lidar com o impeditivo legal, ela equivoca-se até nas escolhas aparentemente fáceis.
Mente aos que mais ama -e que, na prática, são sua esperança- e parece ir piorando as coisas ao passo que dá o seu jeito a elas.
Pequenos arroubos consumistas, com dinheiro que não é seu, parecem evidenciar seus desequilíbrios. Definitivamente, não se trata de uma heroína, uma mulher infalível.
A comunicação entre os personagens é muitas vezes obtusa, assim como a própria aparição deles.
Não é uma obra difícil, mas complica seu próprio andamento, como se mimetizasse, sensivelmente, uma vida de bases cambaleantes. É, sobretudo, um prato cheio para quem se afeiçoa pelo ser humano e por suas mais particulares desgraças.
Dirigido por Ida Panahandeh, o longa ganhou em 2015 a mostra Un Certain Regard do Festival de Cannes.
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