Bem baixinho, ele lia para ela no andar superior da livraria Shakespeare and Company, em Paris. Era necessário espiar a cena em silêncio, por entre os livros da prateleira, para não estragar o momento: terminada a leitura, eles riram baixinho, encostaram sua testas e se encararam com os olhos marejados. Parecia cena final de filme.
Saindo dali, dava para imaginá-los iniciando uma conversa pelas ruas, da mesma maneira que fazem os protagonistas de "Antes do Pôr do Sol" (2004), segundo longa da trilogia de Richard Linklater.
Ou, talvez, apenas andando de mãos dadas em silêncio, como fazem tantos casais que buscam a cidade da luz como pano de fundo para viver um romance —um quinto dos paulistanos das classes A e B entrevistados pela pesquisa Datafolha consideram a cidade o melhor destino para isso.
Os dois poderiam optar por atrações tradicionais, como um passeio de barco pelo rio Sena, de onde veriam boa parte dos pontos turísticos da capital —a Torre Eiffel, a catedral de Notre Dame, o Louvre e aí por diante.
Seguiriam a tradição e dariam um beijo ao passar pela Pont des Arts (dos polêmicos cadeados) e tomariam um café sentados lado a lado, observando a rua, como fazem os parisienses. Se estivesse quente, eles escolheriam estender uma toalha no gramado da Torre Eiffel e fazer um piquenique ali.
Iriam se inspirar nas andanças de Gil, personagem de Owen Wilson em "Meia-noite em Paris" (2011), de Woody Allen: visitariam o Museu Rodin em busca do jardim com as obras do escultor francês ou o Museu Orangerie, onde veriam pinturas de Claude Monet.
Também escolheriam conhecer o bairro Montmartre. Passariam pelo Moulin Rouge, pelo café onde a personagem Amélie Poulain trabalha no filme e pelo muro do "Eu Te Amo", no qual a frase aparece escrita em mais de 300 idiomas.
Seguiriam para a escadaria da igreja do Sacré Coeur. Sentariam-se nela para assistir ao pôr do sol tomando vinho na garrafa e ouvindo canções como "Wonderwall", do Oasis, arranhadas por um cantor de rua.
No fim, iam mesmo acreditar que ninguém poderia sentir o que eles sentiam um pelo outro naquele momento, como sugere o verso da música.
Poderiam repetir a cena da livraria: encostariam as testas, se olhariam com os olhos marejados e se achariam bobos e melosos. Mas tudo bem: estavam em Paris, onde era permitido viver todos clichês românticos.
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ALÉM DO TRADICIONAL
por Conexão Paris e Minha Viagem Paris
1 Fazer piquenique num local pouco conhecido pelos turistas: o lindíssimo jardim do Palais Galliera, o museu da Moda de Paris
2 Alugar um barquinho elétrico (não precisa ter habilitação) e navegar pelas águas do bucólico canal Saint Martin
3 Passear de balão sobre os domínios do castelo de Fontainebleau
4 Jantar no Caffè Stern, que ocupa uma antiga loja dentro da Passagem Panorama
5 Hospedar-se no Hotel Particulier, que tem apenas cinco suítes e é rodeado por um jardim bucólico —charme, mistério e exclusividade
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