Repórter vivencia 'Tempos Modernos' do fast food na primeira Taco Bell no Brasil

O mais difícil em passar algumas horas na cozinha de um fast food é lidar, o resto todinho do dia, com o cheiro de gordura que fica na roupa, na pele, no cabelo.

Neste caso, por dois motivos: na Taco Bell, que abrirá as portas de sua primeira loja no Brasil na próxima sexta-feira (23), bastante coisa é frita. Além disso, as receitas, que poderiam agregar um fator complicador à experiência, são pensadas para serem fáceis, muito fáceis.

A Folha foi conhecer, em primeira mão, a loja no Itaim Bibi, na zona oeste paulistana. Pequenina, fica dentro de um centro de compras. Poucas mesas, um balcão, dois caixas e a cozinha envidraçada, por onde se pode ver a montagem de burritos, quesadillas e tacos fiéis ao tex-mex proposto.

Lá dentro, funcionários ficam de frente para o balcão e trabalham em linha de produção, à frente de engenhocas fabricadas sob medida para aquela cozinha. Sem precisar se mexer muito, recebem pedidos e acessam ingredientes e aparelhos.

O aviso, desde o princípio, era de que o "curso" para o preparo de algumas receitas seria rápido: dez minutinhos. Realmente. Não que seja a coisa mais boba do mundo. Mas se bater um branco, bem na sua frente uma cartilha mostra o passo a passo fotografado da receita. Todos os ingredientes ali, piscando pra você. Mas alguns alertas. O taco não pode ficar pouco recheado, a tortilla não pode ter nenhum quebradinho e a quesadilla tem que ser cortada exatamente ao meio. Ok, entendido isso, a maior dificuldade passa a ser andar na linha. Na repórter rebelde bate o ímpeto de inventar umas receitas. "Posso colocar guacamole na quesadilla de queijo?"

A tecnologia ajuda no cumprimento da ordem. A tortilla de milho, por exemplo, tem uma fritadeira especial, que a deixa no formato de concha. Assim, submerge em óleo com timer marcando 55 segundos, até ficar crocante. Escorre por 30 segundos e pipipi, soa o alarme. De lá, vai para o balcão de ingredientes. Pode receber carne moída (em uma colher comprida que escorre o excesso de molho e distribui o ingrediente pelo taco), pimenta, creme azedo (de um tubo que dispensa a medida exata), alface picada, queijo ralado e cubinhos de tomate. O balcão, em inox, tem gretas do exato tamanho do taco, assim um funcionário escorrega a receita para o outro, até chegar à embalagem —são os "Tempos Modernos" do fast food.

No preparo da quesadilla de queijo, a tortilla de milho é preaquecida por cinco segundos de cada lado em uma chapa, recebe um mix de dois queijos, vai para um vaporizador que derrete o queijo em mais alguns segundos e depois é grelhada. Pode sair acompanhada de nachos, por exemplo, cobertos por um queijo alaranjado, consistente creme azedo e guacamole, pasta uniforme de abacate, com sabor bem suave.

Todo o tempo é calculado. Os pedidos devem sair em pouco mais de dois minutos minutos, depois disso são considerados atrasados.

Os preços da lanchonete ainda não foram todos divulgados, apenas sabe-se que os combos custarão a partir de R$ 19,90.

AQUI E LÁ FORA

A rede de fast food Taco Bell nasceu na Califórnia, nos anos 1960 (assim como muitas outras marcas de lanchonete que servem hambúrgueres), e se espalhou pelos Estados Unidos. No país, são hoje 6.500 lojas.

Por lá, o costume é de levar as receitas, embrulhadas em papéis, e seguir comendo no carro.

Por aqui, a expectativa é de servir os burritos, tacos e quesadillas, à vista, acompanhados de nachos ou batatas fritas (estas não fazem parte do cardápio americano, foram vistas como uma preferência nacional).

Outra diferença é que, no Brasil, boa parte dos preparos é feita na loja —nos EUA, a carne já chega pronta ao ponto de venda, por exemplo. Esther Tem Eyck, que esteve no país treinando a equipe da primeira Taco Bell e de outras futuras, conta que isso se deve ao alto custo da mão de obra naquele país, o que encareceria a operação americana. "Com a produção na loja, os sabores acabam ficando diferentes aqui no Brasil, mais frescos", diz.

O plano da rede, trazida pelo empresário Carlos Wizard Martins, é de abrir cem lojas no país até 2020.

Taco Bell. Shopping Brascan Open Mall. R. Joaquim Floriano, 466, Itaim Bibi

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