Um bloco saindo às 4h da manhã em cortejo pelas ruas desertas do centro. Uma coleção de azulejaria escondida na floresta. Ivete Sangalo desfilando. Uma laje de pedra a 696 metros do chão com vista para praias dos dois lados.
Todas essas cenas podem ser vistas num mesmo lugar e numa mesma data: o Rio de Janeiro, durante o Carnaval. Guias turísticos dizem que a cidade tem a maior festa do mundo. De fato, a impressão de quem anda pelas ruas lotadas ouvindo um constante som de percussão, mesmo que distante, é esta.
Yasuyoshi Chiba/AFP | ||
Samba na Pedra do Sal |
A Prefeitura do Rio autorizou 452 blocos carnavalescos a desfilar neste ano. Neste número não estão incluídos os extraoficiais, menores e que, para muitos, são a folia que interessa. Para não perder nenhum da sua lista de preferidos, o bom é fazer um roteiro.
Os blocos da zona sul costumam atrair milhares de pessoas, ter carros de som e um clima "oficial" —vende-se cerveja autorizada, distribui-se chapéus com logomarca. Entre esses estão alguns tradicionais, como Simpatia É Quase Amor e Sovaco do Cristo, e outros mais recentes, mas também lotados, como o Imaginô? Agora Amassa.
Quem quer um Carnaval de rua mais "alternativo" deve procurar os blocos do centro da cidade e da zona portuária. O maior símbolo dessa corrente é o infindável e indomável Cordão do Boi Tolo, que sai sem roteiro e sem mapa no domingo de manhã e só acaba na madrugada seguinte, não se sabe onde.
Mas há dezenas de outros, como o Amigos da Onça, que no ano passado saiu às 4h da manhã no centro, o Minha Luz é de Led, o Bunytos de Corpo e ainda o Viemos do Egyto.
Na Ilha de Paquetá, a pouco mais de uma hora de balsa, sai o bloco Pérola da Guanabara. A ilha, na baía que dá nome ao bloco, não permite carros, só bicicletas e charretes.
Fabio Teixeira/UOL | ||
Cordão do Boi Tatá |
Há ainda, é claro, o programa mais emblemático do Carnaval carioca: o desfile das escolas de samba na Sapucaí. Embora tenha perdido espaço para os blocos de rua nos últimos anos, a avenida ainda atrai muita gente. Neste ano, quem vier verá, em um dia, Ivete Sangalo, homenageada pela Grande Rio, e críticas ao agronegócio no desfile da Imperatriz sobre o rio Xingu.
Em outro, será possível assistir a uma Portela abalada após ter perdido seu presidente, Marcos Falcon, assassinado, e a Mangueira defendendo o título que ganhou em 2016 depois de mais de dez anos na seca.
CALMA LÁ
Também existe silêncio no Carnaval do Rio. Só que, para quem busca a calmaria, o ideal é escapar para os extremos da cidade e evitar centro e zona sul.
A zona oeste, onde fica a Barra da Tijuca, oferece roteiro para um dia inteiro. Algumas das praias mais limpas estão lá, como a Prainha. Em Barra de Guaratiba fica o sítio Burle-Marx, com uma das principais coleções de plantas tropicais e subtropicais do mundo.
O Museu Casa do Pontal tem o maior acervo de arte popular do país. Tombado pela prefeitura como referência cultural, tem mais de 8.500 peças de 200 artistas brasileiros, produzidas a partir do século 20.
O espaço foi fundado há mais de 35 anos pelo francês Jacques Van de Beuque (1922-2000), que se encantou com os pequenos bonecos de barro do pernambucano Mestre Vitalino (1909-1963), dando início a uma coleção de arte que mostra cenas do cotidiano.
É possível também se refugiar nas montanhas. O Museu do Açude, no Alto da Boa Vista, faz parte dos chamados Museus Castro Maya, residências do empresário doadas a uma fundação que levou o seu nome entre 1963 e 1983. Extinta a fundação, as propriedades foram incorporadas pela União.
Ricardo Borges/Folhapress | ||
Museu Casa do Pontal |
Fica em uma casa adquirida em 1913 pelo pai de Raymundo Ottoni de Castro Maya e reformada nos anos 1920, no meio da Floresta da Tijuca. Tem bela coleção de azulejaria, esculturas chinesas e indianas, mobiliário luso-brasileiro e obras a céu aberto de Helio Oiticica e de Lygia Pape.
Ainda nas montanhas, será inaugurada pouco antes do Carnaval a Trilha Transcarioca, que quer ser a "trilha inca" do Brasil, atravessando as florestas da cidade em um trajeto de 180 quilômetros.
Há outras incontáveis trilhas de variados graus de dificuldade. A da Pedra Bonita tem boa relação esforço-recompensa. Em meia hora de subida pouco íngreme, chega-se a uma laje de pedra a 696 metros de chão, de onde se vê, de um lado, praias da zona sul, e, do outro, as da zona oeste, até onde a vista alcança.
Para quem gosta de história, há um novo Rio Antigo, cujo circuito passou a incluir a zona portuária remodelada —os bares do Largo de São Francisco da Prainha, o samba na Pedra do Sal, os ateliês do morro da Conceição e do morro do Pinto, o sítio histórico do cais do Valongo, desencavado pela prefeitura durante as obras para a Olimpíada.
Mas atenção: prepare-se para esbarrar nos blocos da zona portuária, sem destino nem hora para acabar. Pode ser um pouco caótico, mas um pouco de Carnaval não há de fazer mal.
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