Nascida na 'clandestinidade', cervejaria Van der Ale ganha casa na Vila Madalena

Bons amigos, de longa data, fazendo cerveja. Um hobby sério, "se está gripado, toma remédio, senão vamos fazer sem você" ou "se não achou o malte, vá a mais uma loja, porque é dia de brassagem". Saindo do trabalho às 2h, começando a receita às 3h da madrugada.

Assim começou a cervejaria Van der Ale, em 2013, fazendo brassagens (cozimento do malte para produção de cerveja) em uma ocupação do parque Augusta e no Minhocão. E "vendendo ilegalmente, na guerrilha".

Esses caras, que queriam ganhar dinheiro para investir no produto, estão abrindo uma cervejaria na Vila Madalena (ainda em testes, tem inauguração prevista para 2 de março).

O lugar é aquele em que funcionou o Aé Sagarana —Paulo Leite, proprietário da casa, é sócio dos cervejeiros. Reformado, tem agora quase 30 torneiras de chope, dois balcões e uma pequena arquibancada.

Uma mudança e tanto para cervejeiros de guerrilha. "Sempre observei a Van der Ale, como eles estudam e produzem a bebida. Com esse talento, vender informalmente era um desperdício", diz Leite. "Afinal, quem produz cerveja até com pedra merece atenção." Ele se refere à uma experiência que fizeram certa vez de produção com método medieval, adicionando pedras incandescentes ao mosto para aumentar a temperatura.

Agora, a capacidade de produção cresceu. E daquelas torneiras deverão sair 800 litros de cerveja por mês: dos estilos apa, ipa, witbier e uma sazonal, com ingredientes da época ou ideal para o clima. Bebida fresca, vinda dos fermentadores que estão no segundo andar —e podem ser vistos da rua.

As cervejas da casa vão custar R$ 13 (200 ml), R$ 17 (300 ml) e R$ 25 (500 ml) e começam a ser servidas próximo da inauguração. Por enquanto, há outras nas torneiras.
"Estar na cervejaria diminui custos, mas o que barateia mesmo é o volume enorme, quando se substitui o insumo de qualidade pelo mais barato", diz Caio Fogaça, um dos fundadores da Van der Ale.

Do bar antigo ficam algumas receitas, como versões de sanduíches. Além disso, os dadinhos de tapioca viram palitinhos, entra no cardápio um caldo de piranha e os hambúrgueres ganham tamanhos menores em versões como o "andaime", com três discos de carne, cheddar, bacon e tartare de picles de pepino.

Apesar do grande passo assustar um pouco, uma viga no teto reafirma a vontade de crescer: aguentará o peso de fermentadores de 250 litros. "O Dona Lurdes [um dos cervejeiros] disse uma vez que abrir o bar era vender a alma", conta um deles. "É, mas isso foi uma explosão", rebate. "Não sustento essa opinião. É uma realização pra gente."

Van der Ale. R. Aspicuelta, 268, Vila Madalena, facebook.com/VanDerAles

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