Monólogo sobre pianista preso tem apresentação gratuita no Itaú Cultural

Valmir de Lara/Divulgação
O ator Vinícius Piedade em cena da montagem de "Cárcere"
O ator Vinícius Piedade em cena da montagem de "Cárcere"

Manifestações culturais ganham certo condão de perenidade ao adquirir, de tempos em tempos, novos significados e leituras, de acordo com o contexto do ambiente. É o que tem se dado com a peça "Cárcere", na visão de um de seus autores, o também ator Vinícius Piedade —ele apresenta o texto, que escreveu em 2008 com Saulo Ribeiro, na próxima terça-feira (14), no Itaú Cultural.

"No começo, fizemos várias apresentações em presídios, então a questão da prisão era muito intensa. Com o passar do tempo, as metáforas ligadas à liberdade passaram a ser o mais importante", diz Piedade.

"Mas, desde meados do ano passado, com o acirramento do problema penitenciário no Brasil, as discussões do encarceramento voltaram a ser o foco."

O monólogo conta uma semana na vida de um pianista preso por vender drogas na noite. Privado do instrumento, ele negocia com a direção da penitenciária para ter acesso a um piano, mas isso acaba o envolvendo em uma confusão com os outros presos —e ele se torna refém de uma rebelião iminente.

"O personagem poderia ser qualquer um dos 40% [dos presos] à espera de julgamento no país ou um dos muitos cooptados pelo crime organizado", afirma o ator.

Passeando entre os planos da música e das grades, o sujeito passa a escrever um diário do cárcere. "Acho que o teatro serve para reflexão, em todos os sentidos da palavra. A peça é para pensar na questão carcerária além do número de presos, para falar sobre a liberdade a partir dos olhos de quem não a tem."

Itaú Cultural. Av. Paulista, 149, Bela Vista, tel. 2168-1777. Ter. (14): 20h. GRÁTIS. Retirar ingresso com 2 horas de antecedência.

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