Assediada aos 16, Catharina Doria criou app com dinheiro da formatura para ajudar mulheres

Catharina Doria andava por uma travessa da avenida Paulista quando um senhor, de mais de 60 anos, começou a segui-la. "Ele dizia coisas como 'gostosa, quero te levar pra casa", lembra ela. Catharina tinha 16 anos na época.

"Não respondi por medo. E se ele estivesse com uma arma? Mas cheguei em casa e fiquei pensando o que poderia fazer", conta.

Ela então teve a ideia de lançar um aplicativo para mapear os lugares e situações onde houve casos de assédio ou ao menos abrir um espaço para que as mulheres pudessem relatar o que sofreram.

Naquele momento, ela estava perto do fim do ensino médio e fez uma escolha: em vez de fazer uma viagem de formatura a Cancún, pediu que seus pais usassem o dinheiro para pagar um programador e construir o aplicativo. Eles toparam. "Ficou pronto em cerca de uma semana", conta ela.

Era o início do Sai Pra Lá, aplicativo no qual mulheres podem registrar os locais onde sofreram assédio e como foi o ataque. Pode ser uma cantada ou algo mais sério, como uma tentativa de estupro.

O aplicativo criou uma base de dados com mais de 100 mil casos registrados. "Os assédios verbais são mais comuns, especialmente em áreas de multidão, como perto de shoppings e universidades", detalha.

Além dos dados, ela recebeu muitas mensagens com dúvidas. "São questões como 'Um professor ou um familiar tentou me assediar. O que faço?'", explica ela.

Agora, cursando publicidade, Catharina quer trabalhar com empoderamento feminino e busca parcerias com empresas para bancar a manutenção do Sai Pra Lá. Para evitar ser assediada na rua, procura andar sempre acompanhada.

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Sai pra lá
Aplicativo que permite registrar casos de assédio. Mais de 100 mil ocorrências já foram registradas no aplicativo.

facebook.com/appsaiprala

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