Folha acompanhou luta das mulheres para obter direitos iguais

A luta da mulher pela igualdade, seja no direto ao voto e nos salários, seja pela liberdade de decidir sobre o próprio corpo e combater toda a forma de machismo, foi acompanhada pelas páginas da Folha nos últimos 96 anos. Na década de 1920, na "Folha da Noite" e na "Folha da Manhã", reportagens e notas produzidas por jornalistas homens mostravam que a mulher era tratada como a bela rainha do lar, num núcleo doméstico liderado pela mãe dona de casa. Sua função resumia-se a transmitir os valores da família e formar novas gerações.

À época, numa sociedade que via o feminismo como ameaça à ordem familiar, a coluna Figurinos, criada em 1921, refletia as ideias do momento, com uma nova mulher vinculada ao ideal de sofisticação e elegância que vinha do mundo da moda de Paris. A emancipação feminina e a vida profissional das mulheres, no entanto, ainda tinha pouco espaço nas publicações.

O feminino representava a beleza, e o masculino, a força. "Eduquemos a mulher para o marido: aparelhemo-la para a hipótese de solteira, viúva ou infeliz no casamento, ou em situação difícil, saber lutar. Uma só nada fará. Reunidas somos fortes. É a parábola das varas. O lar! O lar! Avante!", trazia o texto "Liga do Coração - O feminismo em ação", na coluna Figurinos, em 28 de abril de 1921.

Em 1932, quando as mulheres conquistaram conquistaram direito a voto, a "Folha da Manhã" publicou a íntegra da lei. As questões femininas ganharam maior destaque.

Direitos iguais, acesso a creche e a luta contra o machismo frequentaram com destaque as páginas da Ilustrada, como na coluna Feminismo e na reportagem "Dia Internacional da Mulher", além de edição especial do caderno de alta cultura Folhetim, de março de 1982.

Na coluna Feminismo de 14 de setembro de 1980, Irede Cardoso debatia assunto que permanece atual: a culpabilização da mulher mesmo quando é vítima de crimes como assassinato e estupro. "Agora, segundo um 'release' do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas, a mulher também é culpada por ganhar menos", escreveu.

No artigo "Repensando a procriação", publicado no especial Mulher, entre o reformismo e a utopia", em 1982, no Folhetim, a psicóloga e pesquisadora Carmem Barroso afirmou que seria legítimo postular para as mulheres a liberdade de decidir sobre seu próprio corpo.

O registro dos avanços continuou: a criação da primeira delegacia da mulher, em 6 de março de 1985, em São Paulo, e a implantação da Lei Maria da Penha, em 2006.

Em 2011, em Tendências/Debates, a farmacêutica que deu nome à lei de combate à violência contra a mulher assinou artigo com a deputada Jandira Feghali em defesa da aplicação do texto.

Na era das redes sociais, o feminismo se tornou mais popular e mais fragmentado.

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