Chegada de mais bares e restaurantes renova o Baixo Pinheiros

Alberto Rocha/Folhapress
São Paulo, SP, Brasil, 08-03-2017: Casas na região do Baixo Pinheiros. (foto: Alberto Rocha/Folhapress)
Casas na região do Baixo Pinheiros

Quando Paulo Almeida decidiu abrir um bar de cervejas na rua Vupabussu, há nove anos, para atender ao bairro, perguntaram se ele era louco. Mas o imóvel era legal, havia árvores no entorno e uma igreja na frente, que garantiria a vista.

Naquele mesmo 2008, os sócios no projeto de um pequenino restaurante na região, o Nou, lutavam para convencer os fornecedores de que ali seria um bom lugar.

"Quando eles acreditam no projeto, facilitam com prazos e até matéria-prima para testes de cardápio. Eu já estava na área e tinha boa relação com eles. Mesmo assim, não havia apoio", conta Paulo Souza, do Nou. Ninguém queria desviar do Itaim Bibi e dos Jardins, que já concentravam restaurantes, para aquela ponta de Pinheiros. "Percebemos que não seria fácil." Mas o almoço logo engrenou.

O tempo ia passando e outras casinhas se transformavam. "Estava cansada da Vila Madalena. Queria um lugar plano, para poder circular de bicicleta, sem bares e de fácil acesso. Aqui também não tinha trânsito e o aluguel era mais barato", lembra Fernanda Barros, do Le Repas, aberto em 2011 na rua Ferreira de Araújo.

Bom, para quem chega agora, a perspectiva é outra.

"Os lugares abrem e naturalmente vão bem. Já existe uma predisposição do público em vir pra cá. Se o cliente encontra fila em um restaurante, vai caminhando até outro, até se encontrar. Vai beber algo enquanto espera ou prolonga o passeio. O bairro proporciona um programa completo", diz Pedro Grando, do Teus, aberto no final do ano passado.

E o bairro plano, arborizado, de fácil acesso, aluguéis mais baratos (do que em seu entorno) e que mescla residências e comércio foi atraindo para seus imóveis pequeninos propostas semelhantes.

"É uma região tranquila e isso se aplica não só ao estilo de quem mora lá, mas aos restaurantes. O público, por sua vez, é eclético, e as pessoas se respeitam", afirma Andre Tarantino, do Vinil Burger e da Salumeria Tarantino.

"Tem uma unidade nesse lugar: de ser democrático, despretensioso, descolado e profissional", diz Souza, do Nou.

Mas a consolidação do bairro como polo de bares e restaurantes e a consequente chegada de mais casas também preocupam moradores, que se incomodam com o constante cheiro de comida nas ruas (resultado da falta de manutenção das coifas), do lixo nas calçadas e da
imprudência de serviços de valet, que estacionam em fila dupla ou em frente a garagens de residências.

"Acho que a gente perpetuou o negócio e consolidou um público do bairro porque sempre soubemos nos relacionar com o entorno", diz Souza, do Nou. "Quantos cafés não fui tomar na casa do vizinho pra conversar sobre algo que estava incomodando?"

"Tenho uma visão de empresário misturada com a de morador. E a gente se preocupa, mas mais com os prédios novos, cheios de apartamento. Dá medo de virar um Itaim Bibi, subindo cada vez mais edifícios", diz Paulo Almeida, do Empório Alto dos Pinheiros. "Concorrente a gente torce para ser legal e ter o mesmo tipo de público."

E as casinhas das ruas largas do pedaço de mapa que vai da Paes Leme, perto do largo da Batata, até a aproximação com a Pedroso de Morais e o Alto de Pinheiros, vão dando lugar a lojinhas, salões, docerias, bistrôs... "Acho que em cinco anos esse bairro será muito diferente", diz Grando, do Teus.

*

Daniel Almeida
Mapa do Baixo pinheiros
Mapa do Baixo pinheiros
Publicidade
Publicidade